22 de dez. de 2009

Passagens

Nos últimos meses andei conversando com um monte de gente -- especialistas e adolescentes -- sobre rituais de passagem, assunto de dois livros que me esperam em 2010. Muitas vezes me emocionei com os garotos e garotas contando como se despediram da infância, os que encararam essa passagem sem olhar pra trás, decididos e curiosos, e também os mais reticentes, que cruzaram a ponte com certo receio e alguma saudade.
Durante essas conversas, compartilhei descobertas, aventuras e conquistas, porque, de alguma forma, ainda sou a menina de 5, a garota de 17, a mulher de 30 e de todas as idades que já tive. Ouvindo essas histórias me dei conta de que nos últimos doze meses eu também estava em pleno ritual de passagem, trabalhando em casa depois de anos e anos em redações, numa fase nova, empolgante e, às vezes, um pouco amedrontadora, sentindo tudo o que a gente sente nos períodos de mudança em qualquer idade -- de um jeito ou de outro, estamos sempre cruzando pontes. Bom é quando fazemos essas passagens com alegria, em busca de tudo o que ainda está pra acontecer.
Até janeiro!

(ST)

19 de dez. de 2009

Tesouros

“Não podemos encontrar o sobrenatural sem passar pela natureza"
...
-- Hoje a fila das formigas ficou enorme! Você tinha que ver! Começava perto da jabuticabeira e terminava lááááááá no pé de limão. Acho que tinha uns três quilômetros. Ou mais, nem sei!
A mãe explicou que essa era a distância entre a casa deles e a da avó.
-- Mas se elas cruzavam o jardim de um muro até o outro, então era mesmo uma fileira e tanto – disse a mãe, enquanto tentava clarear o encardido das unhas do menino. -- Você andou cavando buraco de novo? Desse jeito, nosso jardim vai virar uma piscina!
Canteiro de flor cheirosa, passarinho fazendo lanche de fruta, tatu-bola disfarçado de pedrinha, tesouros escondidos, quanta história acontecia naquele jardim. E foi por causa das escavações que a mãe quis saber:
-- E o Trix? Faz tempo que você não fala dele...
Trix, o gnomo que morava no tronco do velho chorão, a árvore mais antiga, mais alta e a mais bonita da rua.
O menino enfiou a cabeça debaixo do chuveiro, fingindo não ter escutado a pergunta, e continuou falando das formigas. A mãe não ia gostar nem um pouco se soubesse que Trix estava seguindo uma pista que levava à pracinha, do outro lado da rua. É que o gnomo tinha certeza de que, ali, eles encontrariam um tesouro.
Por isso mesmo, o menino levou um susto, no dia seguinte, quando viu o amigo pulando no topo de uma grande pedra, bem no meio do jardim. Trix fazia sinais, apontando para o chão, excitadíssimo.
-- Mas você não disse que a gente ia cavar o próximo buraco lá na pracinha?
-- Disse e agora desdigo! As formigas me trouxeram de volta pra cá. E elas pararam exatamente neste ponto! Aqui, aqui mesmo, três vezes aqui!
Foi só o gnomo indicar o lugar pra que o menino começasse o cava-e-tira-terra-e-cava-e-tira-terra de todo dia. E como cavou nesse dia! No final da tarde, cercado de montanhinhas de terra e com os braços doloridos, ele já estava parando quando sua mão esbarrou em alguma coisa dura, fria e esquisita.
-- Trix, o que será isso? Uma pedra?
Enfiou a cara no buraco, mas não conseguiu ver nada. Lá dentro, no fundo, era escuro, e fora, o sol já ia se apagando.
-- Pega uma lanterna! – disse o gnomo, mandão como sempre.
O menino se irritava com essa mania do amigo ficar dando ordens o tempo todo, mas dessa vez não reclamou porque aquela era mesmo uma ótima ideia. Correu até a cozinha: sabia que o pai havia comprado uma lanterninha para deixar ao lado da pia, na “gaveta das emergências”. Aproveitou pra pegar as pás de praia com dentes, novinhas, ainda guardadas na parte de cima do armário.
Voltou ao jardim com todo o equipamento e retomou a escavação imediatamente, nem lembrou da dor nos braços. Pra chegar na “coisa”, o menino agora teria que cavar de lado, porque, fosse lá o que fosse, aquilo estava enterrado um pouquinho mais à direita. E cava e cutuca e se entorta e quando já não tinha mais jeito de alcançar o fundo do buraco-túnel, ele teve a ideia de usar os pés para tentar enxergar lá embaixo. Enfiou uma perna dentro do buraco, bem esticadinha, e colocou a lanterna acesa encaixada entre os dedos do pé. Foi quando viu melhor a “coisa”, e achou que aquilo não parecia uma pedra.
-- Trix! Trix! Você acha... ? Será que é? ... É... Pode ser, não é? Pode mesmo ser um baú! Ou será que é uma arca?
O menino esticou bem o pé e mirou com a lanterna, mas só conseguiu ter certeza de que a "coisa" não era grande, e era amarronzada, de um tom que se confundia demais com a cor da própria terra. Mas aquela caixa bem que poderia ter sido dourada um dia!
Foi então que Trix mergulhou no buraco, escorregando pela perna do menino até chegar ao baú. De lá, mãos em concha em volta da boca, anunciou:
-- Acho que finalmente encontramos! Sim, sim, sim! Três vezes sim!
Com o pulo de alegria que deu, o menino desmanchou dois dos montinhos de terra que tinha erguido ao lado do buraco. Nem ligou pra a bronca que a mãe daria por causa da bagunça. Agora, só pensava num jeito de trazer o bauzinho para cima: claro que as formigas não conseguiriam puxar aquilo e, a essa hora, todos os gnomos das redondezas já tinham se recolhido pra dentro de suas árvores. De novo, o menino tentou puxar o objeto com os pés, sem sucesso -- o bauzinho nem se mexia, era como se estivesse plantado na terra. Lá de dentro, Trix gritou outra vez:
-- Acho que encontrei uma fechadura. Tento entrar pela fresta e saio logo pra contar tudo!
Entrou, mas não saiu. E não saiu e não saiu e na hora em que a mãe ameaçou um castigo, o menino teve que voltar pra casa. Estava anoitecendo, não adiantou protestar nem dizer que estava muito preocupado com o amigo.
-- Mas, mãe... E se ele ficou preso? E se tinha algum bicho horrível lá dentro?
-- Tenho certeza de que está tudo bem. O Trix sabe se virar. Você vai ver como, amanhã, ele aparece com um monte de novidades...
Exausto, o menino adormeceu preocupado, pensando nos perigos que o amigo podia estar correndo. Mesmo assim, teve um sonho lindo. Nele, o Trix estava feliz da vida, pulando entre montanhas de moedas e pedras preciosas, escorregando por colares de pérolas, dando cambalhota no meio de enormes anéis de ouro. Pena que a sensação de pesadelo do dia anterior voltou assim que ele abriu os olhos, logo cedo.
A primeira coisa que pensou: o Trix pode ter ficado enroscado nas correntes de ouro ou, pior, foi soterrado por uma esmeralda gigante!
Com o peito apertado de tanta aflição, saltou da cama e correu para o jardim, ainda de pijama. Olhou na direção da pedra e teve que esfregar os olhos pra ter certeza do que estava vendo: ali havia uma... “coisa”. Seria aquela coisa? E como o Trix tinha conseguido desenterrar o tesouro?
-- Trix! Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiquis! TRIX!
Não demorou nem um minuto pra que o gnomo aparecesse num dos galhos do chorão, espreguiçando.
-- Bom dia!
-- Trix! Você está bem?
-- Desculpe, desculpe, desculpe! Três vezes desculpe! Você ficou preocupado, eu sei. Mas já era noite alta quando saí do buraco, o que foi uma sorte. Encontrei uma turma de corujas que só aparece por aqui nesse horário. Foram elas que me ajudaram a puxar o... hã, hã... o... baú.
Só então o menino lembrou.
-- E cadê o tesouro?
De braços cruzados, Trix encolheu os ombros e torceu a boquinha, apontando com o queixo na direção da pedra. O menino então correu para lá. Com as palmas das mãos, começou a esfregar energicamente a superfície impregnada de terra. E esfregou com tanta força que não demorou nada pra que o sonho do tesouro se desmanchasse diante de seus olhos: o baú não passava de uma velha lata de biscoitos, parecida com umas que ele já tinha visto na casa da avó. A “fresta da fechadura” nada mais era do que um buraquinho aberto pela ferrugem, e a lata pesava daquele jeito porque estava cheia de terra. Com a ajuda da pá que tinha ficado por ali, o menino conseguiu tirar a tampa, ou melhor, o “telhado” da casa de uma família de minhocas gordinhas.
Chateado, fechou a lata e já ia devolver o falso tesouro ao seu lugar de origem quando um raio de sol furou uma das muitas nuvens que encobriam o céu. Na mesma hora, o ar esquentou e alguma coisa reluziu dentro do buraco.
-- TRIX!
O gnomo estava procurando o pé direito da sua botinha e, por isso, não prestou muita atenção no menino.
-- O quê?
-- Você viu isso?
-- Vi o quê? E você, viu meu sapato? Onde será que deixei...
-- O brilho... Lá dentro... Mas, como é que pode um buraco brilhar?
-- Brilho?
-- É! Eu vi, juro que vi!
-- Ah, deve ser o reflexo de alguma aguinha que brotou lá no fundo.
-- Mas, Trix...
-- Ahá! Finalmente! Aqui está!
Enquanto calçava o pé perdido, o gnomo emendou:
-- Vou retomar as investigações lá na pracinha. Você vem comigo?
Dessa vez foi o menino que não respondeu -- continuava atônito com o que acabara de ver. O gnomo, por sua vez, sentiu-se rejeitado, virou as costas e saiu marchando, rumo à praça.
Ainda estava segurando a lata-casa das minhocas na mão quando o sol reapareceu, iluminando o jardim. Como tudo em volta, o buraco clareou e, de repente, aconteceu de novo. O brilho! Com o olhar hipnotizado, o menino seguiu a luz e descobriu que havia, sim, alguma coisa brilhante e de verdade, saindo da terra, como se fosse um espinho de vidro!
Colocou a lata no chão e, com a ajuda da pá, cutucou em volta daquele ponto, com delicadeza. Pouco a pouco, muitas outras pontinhas de tamanhos e formas diferentes, reluzindo com mais ou menos intensidade, foram surgindo diante dos seus olhos extasiados. Ali estava, incrustado na terra, um cristal gigante e translúcido.

Fascinado, o menino ficou admirando as faces daquela pedra imensa e luminosa, esculpida pela natureza com a perfeição de uma joia rara, e teve uma certeza: era o tesouro dos tesouros. Podia até ser uma pedra mágica!
Não via a hora de mostrar ao Trix.

A frase que abre essa história é de Arnaud Desjardins. Conto publicado no livro "Era Uma Vez Para Sempre"

17 de dez. de 2009

16 de dez. de 2009

Aula de português

De vez em quando visito Zanzinzum pra aprender alguma coisa de zanzinzunês. Não é longe, dá pra ir a qualquer hora -- é só embarcar num dicionário cinco estrelas e fazer a viagem numa poltrona macia, com tempo pra xeretar entre as fronteiras que vão de A a Z. Antes pedir informação, tento me virar lendo as placas em voz alta pra ver se o som me diz alguma coisa, mas erro em 99% das vezes. Encontro a palavra sujigola e penso imediatamente num babador manchado de mingau, uma espécie de gola que a gente pode sujar sem culpa. Mas logo descubro que esse é o nome do freio que passa debaixo do queixo do cavalo, aquela correia que prende o animal. Nada a ver com a liberdade que um babador pode significar diante de um prato de macarrão com molho de tomate! Depois encontro a palavra aralha e erro de novo, imaginando um pássaro exótico e não uma novilha que, mesmo sendo pequenininha, já pode puxar o arado. E empaco de vez em patripotestal. Lembro de pátria, pedestal, fico repetindo a palavra em voz alta e sem querer começo a cantar que moro num país tropical. Moro mesmo, mas nunca usei essa palavra pra dizer que o poder familiar se concentra na figura paterna. Faço nova escala, agora na enigmática descimbrar. Acho bonito o jeitão desse verbo que me faz pensar em aventura, grandes descobertas: "O marujo Simbad descimbrou-se pelos mares...". Não combina? Mas não é nada disso: descimbrar é retirar os cimbres de um arco depois da construção. Pena, acho que nunca vou ter ocasião pra usar uma palavra tão sonora. Na última parada do percurso traduzo recovo como esconderijo e, surpresa, descubro que essa é a posição em que estou enquanto leio: recostada no cotovelo. Difícil essa língua, não?

(ST)

15 de dez. de 2009

A bela convencida


Nessa história a bela não adormece, mas aborrece todo mundo. Tem coisa mais chata do que gente convencida?

11 de dez. de 2009

Sem bicicleta

Nem férias nem greve. Fiquei sem internet depois da tempestade de terça-feira e acreditei na história do técnico que viria em 24 horas. Três dias, mil e cem telefonemas e zero técnicos depois, cá estou eu, na livraria da Vila, tentando recuperar o tempo, o bom humor e a minha fé em Papai Noel. Até segunda!

(ST)

3 de dez. de 2009

Em coreano!

Vai ser difícil conferir a tradução, mas nesse momento isso não tem a menor importância. Fiquei muito feliz com a notícia: o "Como Começa" vai ser publicado na Coréia. Não é demais?

(ST)

2 de dez. de 2009

Do meu lugar

Olho pro céu e vejo o avião virando um pontinho atrás das nuvens. Olho pro chão e vejo a formiga virando um gigante capaz de carregar a maior folha do mundo.

(ST)

Abecedário-literário


A de Alice, C de Capitão Nemo, S de Sherlock Holmes... Cada letra desse alfabeto representa um personagem -- clique na imagem pra aumentar e tente descobrir outros nomes. Eu achei bem difícil, mas curti a brincadeira que encontrei lá no Librosfera.

1 de dez. de 2009

O grande encontro

Era uma vez um Autor com uma vaga ideia para uma nova história. E como nessa história tinha vaga de verdade para um grande Personagem, pensou em começar sua busca colocando um anúncio no jornal.

Procura-se um Personagem disposto a viver aventuras eletrizantes. Não é necessário ter experiência no tema, mas algumas características serão especialmente consideradas: um certo preparo físico, raciocínio rápido e personalidade carismática.


O primeiro candidato a se apresentar foi logo dizendo:
- Participei de passagens importantes de muitos livros famosos, imortalizados por personagens estrelados.
- Ah, parabéns! O senhor tem razão. Os grandes personagens não envelhecem. Mas, se entendi bem, o senhor nunca foi o protagonista desses enredos, certo? Enfim... É uma pena, mas um coadjuvante de idade avançada não é o que busco. Desculpe!
Dois dias e muitas páginas amassadas depois, o Autor recebe outro candidato - um tipo muito sincero, mas bastante imaturo.
- Já passei por muitas imaginações, mas...
- Mas?
- Nunca cheguei ao papel...
- Ah...
- Tenho muito potencial, mas...
- Mas?
- Preciso de alguém que acredite em mim, que me decifre e me revele com todas as letras, entende?
- Você é muito interessante. Mas...
Na semana seguinte, com a cabeça embaralhada e ainda sem um herói à vista, o Autor começa a pensar em outras possibilidades e, repentinamente, tem uma grande ideia: e se o narrador transformasse a própria aventura em Personagem? Animado, ele já ia colocar o texto em ação quando o telefone toca.
- Bom dia. Posso falar com o Autor?
- E o senhor é...?
- O Personagem.
- Ah, claro, o anúncio...
- Exato, o anúncio. Muito bem escrito, por sinal.
- ...?
- Quantos livros o senhor publicou?
- ... !?!
- Alô? Alô, o senhor está na linha?
- Sim... Claro, estou ouvindo... Continue, por favor!
- Desculpe! Espero que não me leve a mal, mas preciso saber um pouco mais sobre o seu estilo, como é o seu processo criativo, quais gêneros o senhor domina, se tem livros premiados... É que não me encaixo com naturalidade em qualquer texto. Tenho que sentir alguma consistência literária, entende?

O Autor experimentou vários estados de espírito. No início, ficou atônito. Mais que isso, catatônico! Depois, a palavra certa seria "irritado". Mas, pouco a pouco, foi se sentindo, como dizer?, impressionado! Pois, à medida em que respondia às perguntas do Personagem, foi se surpreendendo mais e mais com suas próprias palavras.
No dia seguinte, conversaram de novo. E no outro, outra vez.
Trocaram ideias durante tanto tempo que acabaram se tornando grandes amigos. Anos depois, eram tão íntimos que um logo adivinhava o que o outro tinha acabado de pensar e, juntos, inventaram histórias fabulosas.

Esse miniconto foi publicado em maio pela revista Nova Escola.

30 de nov. de 2009

Promessa

Ei, você não vem deitar? Já é tarde! Vem logo, aproveita, hoje eu tô me sentindo mais fofo ainda! Sua mãe me colocou no sol, arejei as plumas e as ideias. E com essa fronha macia fico sempre tão inspirado... Então, tá esperando o quê? Isso: deita, ajeita bem a cabeça. Agora respira fundo e fecha os olhos. Mas... Como assim? Logo hoje você inventa de dormir de barriga pra cima? Vira, por favor, é melhor! E vê se não me amassa demais. Assim, ótimo! Agora tá tudo certo. Coloca o ouvido bem pertinho de mim e escuta esse sonho lindo que eu tenho pra contar.

(ST)

Pressa

Corre assim corre assado
Todo mundo vive apressado

Até a vovó acelera o passo
Pra entrar nesse compasso

Será que precisa ser astronauta
Pra poder flutuar devagarinho pelo espaço?

(ST)

27 de nov. de 2009

Na floresta


Caminho quase todo dia no parque Villa Lobos -- quem passa sempre por aqui já sabe. Às vezes, escrevo enquanto ando: pensa isso, pensa aquilo e, de repente, aparece a frase que ficou faltando no dia anterior. Pode ser só uma palavrinha dando a pista que vai resolver tudo ou uma ideia que, na hora, parece completa, com começo, meio e fim.
Mas também faço longas caminhadas que não levam a lugar nenhum. A cabeça e o corpo vão andando em círculos e o trajeto acaba no mesmo ponto de partida. Não sei por que acontece ou não acontece. Mas gosto de estar sempre perto dessa floresta.

(ST)

26 de nov. de 2009

O xis (poético) da questão

Ela me dá o giz e pede pra escrever uma palavra com xis. Xi! Será que xícara...? Será que chácara...? Ah, tem aquela! Como é mesmo que se diz...? Sabe, professora, aquilo que tem nas fontes... Acho que é... É, é isso: chafariz! Bola na trave, ela torce o nariz: essa palavra é bonita, mas cadê o xis? Daí olha pra classe porque alguém se arrisca e diz: chilique! Ufa, que alívio, esse erro eu não fiz! Mas de novo é minha vez, ai, que sufoco, e de repente lembro do gato... Xadrez! Final feliz, nem acredito, essa foi por um triz.

(ST)

24 de nov. de 2009

Convite


A primeira curiosidade que encontrei no livro novo da querida Carla Caruso foi o significado na palavra almanaque, que vem do árabe al-manákh: "lugar onde o camelo ajoelha" e "parada em uma viagem" que, aqui, segue a rota dos cinco sentidos, com histórias e ilustrações deliciosas.
O lançamento será na próxima sexta-feira, dia 27, na Livraria da Vila (rua Fradique Coutinho, 915), a partir das 19h30. Eu vou!

A casa triste

Depois de tanto banho de sol e de chuva, a placa "vende-se" amarelou. A outra, que dizia "aluga-se", sumiu atrás do emaranhado de folhas feias de um jardim que envelheceu rabugento e solitário, sem visita de passarinho. Ainda dá pra ver a casa, lá no fundo: não tem mistério nem fantasma, parece que só a tristeza ficou morando lá.

(ST)

23 de nov. de 2009

Grego


Gostei do gráfico que meu filho fez enquanto estudava pra prova de biologia. Não sou capaz de entender nada, mas a matéria fica mais simpática com esse jeitão de HQ, não?

Programão


Dezenas de editoras e centenas de livros com ótimos descontos no saguão do prédio da Geografia e História, na Cidade Universitária.

19 de nov. de 2009

Dez minutos -- um exercício

O "tempo" virou o assunto dos últimos posts e apareceu de novo na oficina de escrita que estou fazendo com a Noemi Jaffe. O exercício: escrever sobre ter que escrever em dez minutos.

Dez minutos bastam pra tomar banho. Um bom banho. Até sobra tempo pra ficar debaixo do chuveiro, à toa, sem a obrigação do sabonete. Dez minutos também é tempo mais que suficiente pra desempatar um jogo, ler um poema e sentir vontade de cantar, ir de bicicleta até a banca da pracinha, arrumar uma gaveta, tomar café com bolo, convencer alguém de alguma coisa, ligar a televisão, zapear por uns trinta canais, não achar nada interessante e desligar a televisão. Ou pra ter uma ideia genial e escrever um texto supimpa. Pena que, justamente agora, falta a ideia e sobra tempo.

(ST)

18 de nov. de 2009

17 de nov. de 2009

A jato

E O Mistério do Tempo me fez pensar que não vou conseguir terminar tudo o que ainda preciso fazer antes que o ano termine. A partir de agora as horas vão ficando cada vez mais apressadas, não é assim?

(ST)

16 de nov. de 2009

Livro novo, oba!


O tempo é mesmo um mistério:
passa voando quando a gente se diverte,
mas anda devagarinho se o assunto é sério

...
"O Mistério do Tempo", editado pela Callis, com ilustrações de Cecília Rébora.

(ST)

13 de nov. de 2009

O plano -- um miniconto

Mãe, deix’eu falar! É que aconteceu uma coisa...
Não, desse jeito tá ruim.
Oi, mãe, tudo bom? Foi legal o seu dia hoje...?
Hum. Piorou.
Então, mãe, eu saí correndo do meu quarto porque a campainha tocou e eu tava esperando o Dani, e aí tinha o vaso...
Não, não, não. Isso vem depois. Na hora da explicação.
Sei lá de que jeito eu conto. Tanto faz, ela vai ficar brava mesmo. Muito brava. Vai ser uma bronca do tipo 8 ou 9, bronca máxima, bronca com castigo na certa. O pior é que ela gosta desse vaso. Quer dizer, gostava. Nem sei por que, um vaso tão feio! Esquisito, finiiiiiiiinho. Nem serve pra por flor! Tomara que não seja caro. Vai que ela resolve descontar da minha mesada! Bem agora que eu ia pedir um extra pro álbum... Que azar!
E se eu tentar colar? Vou pedir pra Maria me ajudar, ela sempre cola as coisas, minha mãe demora um tempão pra perceber. Hum. Pensando bem, acho que vai ser difícil montar esse troço de novo. E o que eu faço com essas partes que viraram pozinho? Quebrou muito quebrado. Se fosse estampado dava pra disfarçar tanto remendo, mas transparente desse jeito! Ela vai ver o desastre na hora. O vaso é a primeira coisa que a gente vê quando abre a porta... Isso é o pior de tudo: o não-vaso é a primeira coisa que ela vai ver quando chegar do escritório. Tomara que ela não chegue mal humorada por causa daquela pessoa chata lá do trabalho dela... Daí, nem sei o que pode acontecer.
Acho que é melhor não estar por perto na hora H. Já sei! Vou limpar a mesa, o chão e jogar tudo no lixo. Depois, me tranco no banheiro e espero. Na hora que ela abrir a porta e olhar pro não-vaso e gritar: O QUE ACONTECEU COM O MEU VASO? eu abro o chuveiro e fico lá tomando banho. Pelo menos escapo do grito de trovão-furioso número 1. Os que vem depois vão saindo com menos raios... Mas não posso demorar demais, senão ela vai começar a brigar com a Maria, coitada. Bom, sei lá. Essa parte do plano eu resolvo na hora. Em todo caso, vou levar o travesseiro.

(ST)

12 de nov. de 2009

Diários da bicicleta


Tem gente que ainda acha que o parque Villa Lobos continua pelado -- ando lá dentro quase todos os dias, bem cedinho, e resisto bravamente à tentação de sentar num desses banquinhos, passar um tempo lendo ou só olhando pra paisagem. Nada mal o emprego desse guarda, não?

(ST)

11 de nov. de 2009

Na noite mais escura

A bruxa, o monstro e a assombração
Não acharam a menor graça no apagão
Todo mundo aproveitou e foi dormir mais cedo
Só eles ficaram acordados, morrendo de medo

(ST)

10 de nov. de 2009

Já!

Mãe, não enrola
Eu quero sorvete
agoragoragora!

Vontade não tem hora
Deixa eu tomar meu sorvete
agoragoragora?

Para o meu querido Manuel
.

9 de nov. de 2009

Os nomes das coisas

A palavra cisne não seria muito mais cysne desse jeito? "Visualmente, essa grafia representa melhor os elegantes traços da ave". Quem diz é o escritor português José Luis Peixoto, no Caderno 2 de hoje. Li só um livro dele, o "Nenhum Olhar", e gostei muito. Também gosto desse modo de pensar as palavras e lembrei de um diálogo entre pai e filha que escrevi em "As Namoradas do Meu Pai":

Quando eu era menor, a gente passava um tempão inventando e desinventando palavras.
-- Eu acho que não tem coisa mais lua do que a lua. É uma palavrinha redonda, branca, quem batizou a lua de lua teve uma inspiração. E aposto que foi numa noite de lua cheia!
-- Sol também, né, pai? Tem um redondo na palavra!
Às vezes, ele vinha com um desafio:
-- Diga um nome que não tem nada a ver com a coisa nomeada!
-- Hum.Já sei: chuva! Acho que chuva devia ser o nome do vento por causa do U, que combina com o som do vento-uuuuuuuuu-ventando. Fica estranho chamar o vento de chuvo?
-- Até que não. Mas também podia ser vuonto. Acho que combina mais. Dá até pra enxergar o vuonto fazendo as coisas girarem por onde passa. E ventania passaria a ser vuontania. O que você acha?
-- E como devia ser o nome da chuva?
-- Bom, tinha que ser uma palavra assim mais molhada. Como... Pingada! Que tal? Se o pingo é um plim molhado, pingada é o nome ideal para um monte de pingos!

1 a zero pro vampirinho


Encontrei esse vampiro simpático no blog da Michele Prado.

6 de nov. de 2009

No parque

Hoje o vento soprou uma ideia dentro de um saquinho plástico. Depois ventou bem forte pra ajudá-lo a voar, feito fantasminha encapuzado, brincando de assustar os passarinhos.

(ST)

5 de nov. de 2009

Inveja

Enquanto eu trabalho, ela dorme na mesa, atrás da tela do computador. Horas. Se o telefone toca ou levanto pra fazer qualquer coisa, ela "aparece" desse jeito -- dá uma olhadinha só pra checar se está tudo sob controle e logo se ajeita pra tirar outra soneca.

(ST)

4 de nov. de 2009

Aventura


...
"Era muito mais agradável lá em casa", pensou a pobre Alice, "lá não se ficava sempre crescendo e diminuindo, e recebendo ordens aqui e acolá de camundongos e coelhos. Chego quase a desejar não ter descido por aquela toca de coelho... no entanto... no entanto... é bastante interessante este tipo de vida!"
...
A imagem veio do blog de Jennifer Khoshbin.

3 de nov. de 2009

Das invenções

Quando eu crescer vou ser inventor. Sempre penso numas coisas muito importantes que ainda não foram inventadas. O medidor de amor, por exemplo. O amorzômetro podia resolver um monte de problemas: em vez de ficar perguntando pra minha mãe se ela gosta mais de mim do que do chato do meu irmão, era só colocar o aparelho em cima do coração dela e tirar a dúvida na hora.
Eu também quero inventar um jeito de conversar com os animais. É que de vez em quando os olhões do meu cachorro ficam cheios de pensamentos. Dá pra ver, mas não dá pra entender. A gente fica naquela comunicação básica: um latido = oi; dois = vamos dar uma volta?; três = você demorou pra chegar; muitos latidos juntos = estou muito feliz ou muito bravo (depende do tom). Mas é difícil descobrir quando ele só olha e não late. Daí não tem como trocar uma ideia.
Também acho que devia existir um jeito da gente escolher o que vai sonhar. Podia ser uma fórmula tipo xarope com cardápio de sonhos: sabor viagem espacial, sabor sonho-maluco, até xarope sem sabor, com direito a sonho-surpresa. Claro que tinha que acertar bem a dose pro sonho não virar pesadelo. Vai ver é por isso que não tem nada desse tipo na farmácia... Mas, e um escorregador com marcha-a-ré automática -- como é que ninguém inventou um desses ainda?

...
Tem umas invenções novas nesse miniconto, que foi publicado na Folhinha em 2007.
(ST)

30 de out. de 2009

As novas amigas da Creuza

Giorgia e Giulia moram no Arraial d'Ajuda, entre Porto Seguro e Trancoso, na Bahia, e conheceram a bruxa Creuza há pouco tempo, durante uma visita da tia-jornalista Rosaly Senra, que levou os livros e também um questionário-entrevista, que a Giorgia respondeu tintim por tintim (clique em cima pra ampliar), incluindo um pedido especial. A propósito, aí vai um recado da bruxa: sobre o feitiço pra transformar uma pessoa "chata" em sapo, bom, a Creuza vai pensar no assunto -- não é toda hora que a gente pode sair por aí fazendo esse tipo de coisa, e talvez ela encontre um jeito menos radical de resolver o problema com a diretora da escola... Aguarde notícias, Giorgia! Enquanto a solução não chega, vamos treinando outras mágicas -- amanhã é um ótimo dia pra isso: as feiticeiras estarão circulando por todos os cantos. A Creuza já está na vassoura, prontinha pra decolar, levando até a câmera pra registrar os melhores momentos da festa. Eu também vou passear, até terça-feira!


(ST)

28 de out. de 2009

Ausência


Longe é um lugar onde eu ainda não posso ir.

Fica depois do fim do mar, atrás de umas montanhas muito altas que vão até o céu do cartão postal.

Não sei bem como meu pai chegou lá.
Uma vez minha mãe disse que foi de navio.
Mas outro dia perguntei de novo, e ela falou que foi de avião.

Fiquei pensando: acho que primeiro ele viajou de navio e depois tomou um avião.
De tão longe que Longe deve ser.

...
Trecho de "Longe", ilustrado por Mariana Newlands.

(ST)

26 de out. de 2009

Meninas...


-- Eu não vou mais brincar com você.
-- Por que?
-- Porque você disse pra Ju que eu acho ela chata.
-- Eu não disse!
-- Disse, sim!
-- Quem disse que eu disse?
-- A Lu. E agora ela é a minha melhor amiga.
-- Mas ela é amiga da Ju!
-- E daí?
-- Daí que você disse que ela era chata!
-- Eu disse que "achava". Não acho mais.

A foto linda veio do blog da Rosane Queiroz, e essa conversa eu ouvi um dia desses, entre duas garotinhas de uns cinco anos. Depois disso, cada uma foi prum lado, emburrada, tristes de jeitos diferentes. Quem já foi menina um dia sabe como é duro ficar de mal pra sempre, mesmo que seja só por uns dias.

(ST)

23 de out. de 2009

21 de out. de 2009

Catapora e poesia


"Lição de Casa" é um dos finalistas do Prêmio Internacional Poesia ao Vídeo da Fliporto 2009, um trabalho lindo da Analu Andrigueti com uma equipe pra lá de talentosa: Fernando Muylaert (direção), Emiliano Castro (trilha sonora), Andre Caccia Bava (gravação), Eduardo Muylaert e Helô Mello (fotografia).

(ST)

20 de out. de 2009

Bonecas do Vietnã

A gente abre uma caixinha e dá de cara com essas três meninas e um manual de instruções da brincadeira, que diz: "quando você tiver um problema, fale com a sua boneca". Essa antiga tradição do Vietnã ensina a tirar a boneca-confidente da caixa e contar tudo pra ela, antes de dormir. Durante a noite, enquanto a gente descansa, ela vai tentar resolver a questão. E como são só três bonecas, é permitido ter no máximo três problemas por dia.
Depois de posar pra foto, as bonecas voltaram pra caixinha e o presente da querida Claudia Berkhout foi direto pro meu criado-mudo. Tenho uns assuntos pra conversar com elas, mas achei que não precisava ser logo na primeira noite. Já é bem bom saber que elas que elas sempre vão estar por perto.

(ST)

19 de out. de 2009

16 de out. de 2009

Sobre as nuvens

Às vezes eu vejo os pensamentos. E não tem nada a ver com adivinhação! Isso é pra quem tem aqueles dons especiais. Ou também acontece quando a gente conhece alguém muuuuuuuuito bem. É assim com a minha mãe: tem horas que só de olhar já sei que ela vai me mandar tomar banho, por exemplo.
Mas aí é outra coisa. Estou falando de ver o pensamento sendo pensado. A gente consegue enxergar uma espécie de nuvem que vai aparecendo, geralmente no alto da cabeça da pessoa. Nessa hora, tem gente que olha pra cima e fica revirando os olhos, tentando descobrir o que tem lá dentro. Também tem uns que mordem a boca, bem no cantinho -- daí os olhos disfarçam, fingindo que estão olhando pra outra coisa e que não tem nuvem nenhuma ali. Mas ela está lá e fica perturbando. Não desmancha enquanto a pessoa não der atenção.
Quando o pensamento é triste, os olhos descem, quase fecham. Claro que a pessoa não quer ver! Mas com esse tipo eu ainda me confundo porque o pensamento preocupado também é meio assim, olhando pra baixo. Só que nesse a pessoa sempre pisca mais porque a nuvem pesa, fica incomodando.
É muito legal ver o pensamento-vulcão se formando. Esse tipo de nuvem até embaça o ar de tão quente que é. Se a pessoa fica vermelha, o pensamento é de raiva. Mas quando o rosto acende, é porque lá dentro tem alguma ideia muito boa.
Quando o pensamento é muito interessante ou preocupante, a nuvem cresce e a pessoa não presta atenção em mais nada. Todo mundo já viu gente assim, com a “a cabeça nas nuvens”, é ou não é?
De vez em quando também vejo umas nuvens pretas. Não sei o que tem dentro, nem gosto de olhar muito.
Ver todas essas nuvens é legal, mas não não ver nada também é, porque pensamento gostoso quase nunca forma nuvem. Daí a cabeça tá sempre limpinha que nem céu azul.
...
Andei mexendo em textos antigos, como esse, de 2007. Mudei uns issos e aquilos. É o mesmo, mas ficou diferente.

(ST)

14 de out. de 2009

Técnica da paixão


Meu filho se apaixonou por Estudos Sociais na 8ª série. Mudou de escola, mas o interesse pelo assunto foi junto e continua crescendo. Vira e mexe, vai visitar o professor-cupido, o jovem Uirá Fernandes, da Escola Vera Cruz. Torço pra que ele cruze com muitos outros mestres inspiradores e inesquecíveis pois, como bem disse Adélia Prado, "quem não teve um professor com quem se emocionar, não teve um professor". Lembrei disso por causa do dia do professor, mas também por conta de uma pergunta que me fizeram na segunda-feira, sobre "técnicas" pra fazer com que as crianças gostem de ler. Não soube dar uma resposta-manual: é claro que um bom professor tem que dominar sua matéria e certamente passa melhor o conhecimento quando é didático. Mas só os apaixonados dominam a "técnica" de flechar corações. Não é assim?

(ST)

13 de out. de 2009

Rebelde com causa


Hoje isso parece um absurdo, e é mesmo. Mas quando entrei na escola todo mundo tinha que aprender a escrever com a mão direita. Dona Julia era doce, mas exigente: fez de tudo pra me enquadrar. Eu bem que tentei, mas a caneta acabou ficando mesmo na mão esquerda.

(ST)

9 de out. de 2009

Em boa companhia

A jornalista Inês de Castro conversou sobre livros e o Dia das Crianças comigo, Tatiana Belinky, Rubens Alves e Ilan Brenman -- as entrevistas vão entrar na programação da BandNews FM neste sábado, domingo e segunda-feira.
E no dia 12, que agora também é o Dia Nacional da Leitura, eu e Maria Amália Camargo vamos participar de um encontro na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato. Pra saber tudo o que vai acontecer lá, clique aqui.

(ST)

7 de out. de 2009

Mãe

A fivela-pente, o anel de pérola
O bloquinho de notas com a letra dela
Uma foto-binóculo, o lenço de rendinha
Quanta saudade cabe numa caixinha

(ST)

6 de out. de 2009

Adolescentes de manhã

"Minha vida mudou depois que descobri que os vikings não usavam chapéu com chifres... Como o professor diz isso assim, de repente?!?"
...
Às vezes é uma dureza acordar cedinho, mas ganho o dia quando um dos adolescentes que levo pra escola entra no carro e começa a conversa desse jeito. 

(ST)

5 de out. de 2009

Meus 15 minutos de fama

Acabo de ver o "Como Começa" na lista do "mais vendidos" da Livraria da Vila.
De-lí-cia.

(ST)

Era uma vez já

Mãe, conta uma história!
agoragoragoragora

Começa logo, não demora
agoragoragoragora

Senão eu durmo na melhor hora...
agoragoragoragora

(ST)

1 de out. de 2009

Nós e as ilhas

Depois de conhecer Fernando de Noronha, Ilha de Páscoa, Canárias e muitos outros pedaços de terra cercados de água por todos os lados, minha querida amiga Lucia Herrera inventou um blog-álbum-temático, o Mundo das Ilhas, pra registrar as impressões e as imagens que ela traz de todas essas viagens. O aristogatinho-ilhado da foto vive em Reykjavik, capital da gelada Islândia que, segundo ela, é paradisíaca de um outro jeito, com uma paisagem lunar, glaciares, geisers, praias de areia escura, vulcões e muitas histórias.
A da jovem ilha Surtsey, que nasceu da erupção de um desses vulcões há pouco mais de 40 anos, me fez ficar pensando: às vezes a gente também ferve, entra em erupção e depois vira ilha. Só por um tempo, mas vira, não é assim?

(ST)

30 de set. de 2009

Três jeitos de assoprar

Com alegria: as velinhas e a bolha de sabão
Com cuidado: a sopa quente e o machucado
Com força: o apito e a assombração

(ST)

29 de set. de 2009

Prato do dia

O arroz é branquinho
Quando está sozinho
Mas muda de gosto e de cor
Com qualquer caldinho

A palavra é como o arroz
Quando está só, diz uma coisa
Mas pode dizer outras
Depende do que vem depois

Porque as palavras se temperam
Mudam de gosto, engordam
E abrem o apetite da gente
Contando sempre uma história diferente


(Silvana Tavano)

28 de set. de 2009

Classificados

Sapo brejeiro procura bruxas experientes para futuro compromisso profissional.

Fantasma-fashion compra correntes (novas ou usadas) com grife.


Princesa-vende-tudo! Vestidos de baile seminovos, ótimo estado de conservação, preços convidativos. Estoque limitado.


(ST)

25 de set. de 2009

Bicho do mar no jardim

Nunca tinha reparado nessa "Serpente Marinha" que o escultor recifense Francisco Brennand mergulhou no jardim do Sesc Pinheiros. Minha foto não ficou grande coisa, mas o bicho é muito simpático, não tem pinta de monstro e, o melhor, faz a gente lembrar que dá pra ser feliz em qualquer lugar -- quem disse que serpente marinha só se dá bem vivendo no mar?

(ST)

23 de set. de 2009

Acordar


O dia cinza esqueceu de olhar o calendário, mas a primavera começa hoje.
Não é linda a imagem da Mariana Newlands?

(ST)

22 de set. de 2009

Estátua!

Outro dia fiquei um tempão observando essa moça-estátua que faz sua performance na av. Paulista, na frente do Conjunto Nacional. Ela tem um controle impressionante: fica estática, durinha, não dá pra notar nem a respiração. De vez em quando até bate um ventinho na saia dela, mas nada se mexe no rosto, nas mãos, na postura. Longos minutos assim, estátua mesmo.


Ela "acorda" quando alguém coloca uma moeda na latinha. Daí a estátua espreguiça e agradece com uma mímica cheia de graça. Mas isso às vezes demora um tempão: a maioria das pessoas passa sem prestar atenção, e também tem muita gente que vê mas não dá a menor bola. E ela lá, firme.

Parece que ela só não é invisível pros pequenos. Nem todos têm chance de entrar na brincadeira, porque a mãe ou o pai segue andando, indiferente ao pescoço que a criança continua entortando até sumir na esquina. Mas todos os que passaram enquanto fiquei por lá olharam pra ela. Valeu esperar pra ver essa menininha: foi ela quem virou estátua quando a moça abaixou pra dar um presente tirado de um saquinho.

(ST)

21 de set. de 2009

Golpe

mãe, tô me sentindo meio estranho, não abre a janela, não, por favor, acho que não vai dar pra levantar porque tá doendo... é... tá doendo... humm... é meu dente que tá doendo. o que? dentista, não, não, quer dizer, acho que não é o dente, é na boca, mas não é dente, é lá dentro, parece que é no céu da boca a dor, esquisiiiiiiiiiiiiito. se é a garganta? é, pode ser, agora que você falou... hã-hã, tá vendo? é isso mesmo, a garganta tá pegando... deve ser isso a dor. então, acho que é melhor ficar em casa hoje, né, mãe? amanhã eu explico pra professora, ela até achou que eu tava meio assim ontem. meio mole, sabe? esqueci de contar, mas ela disse que eu tava um pouco quente, não muito, acho que era aquela febre que não é febre mas vai ser. eu tô mesmo sentindo isso, mãe, daqui a pouco vai ser febre, então é bom eu dormir mais um pouquinho, você sempre diz que a gente precisa descansar quando tá gripando... deve ser gripe esse sono. então. é só descansar e daí eu fico bem ótimo, e nem vai precisar de remédio, não é bom?

(ST)

18 de set. de 2009

Catavento

Gira, gira, gira, de braços abertos, sem sair do lugar.
O vento logo vai acordar.

(ST)

Na Eslováquia


O "Como Começa" foi parar na 22ª Bienal de Ilustração da Bratislava -- parabéns pra Elma e para todos os ilustradores brasileiros que foram selecionados: Alcy, Ana Terra, Cris Eich, Cristina Biazetto, Ellen Pestili, Guto Lins, Mário Bag, Maurício Negro, Salmo Dansa, Silvia Amstalden e Thais Linhares.

15 de set. de 2009

Tantas palavras

Comecei a pedalar por aí em setembro de 2007. Não sou muito chegada em efemérides, mas fiquei com vontade de comemorar o aniversário do blog, festejar tantas palavras que saem da cartola todos os dias e agradecer os amigos que sempre aparecem. Viva!

Abracadabra, um, dois, três
Não vai sair coelho dessa vez?

Abracadabra, toc, toc, toc
Essa mágica precisa de retoque!

Abracadabra, tum, tum, tum
Nada de coelho -- nem ao menos um?

Abracadabra, ora, ora, ora
É uma letra saindo da cartola?

Abrapalavra, um, dois, três
Aparecem as, bês e cês!

Abrapalavra, toc, toc, toc
Mil palavras e mais mil no estoque!

Abrapalavra, ora, ora, ora
Tantas palavras contam uma história!

Abracadabra, abrapalavra, salabim
Que delícia é fazer mágica assim!

(Silvana Tavano)

14 de set. de 2009

...

"As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho" (Mario Quintana)

Com 20 e poucos anos eu abusava das reticências. Meus primeiros contos eram cheios de frases assim, terminando sem terminar. Os três pontinhos sempre deixavam "alguma coisa" no ar -- acho que a intenção era criar certo mistério, ou, sei lá, sugerir significados mais "profundos". Quando releio um ou outro desses textos, alguns até premiados em concursos de contos daquela época, vejo que o que todas aquelas reticências pontuavam era a minha falta de coragem (e também de repertório) pra dizer as coisas até o fim. Os textos é que eram reticentes. Não dá pra exagerar: os três pontinhos só contam alguma história quando a gente usa com economia, e na hora certa.
Gosto de pensar nas reticências como Quintana definiu, mas, hoje em dia raramente me permito usar essa pontuação. Meu esforço é pra que o pensamento continue por conta própria o seu caminho mesmo depois do ponto final.

(ST)

12 de set. de 2009

Pipoca

As fadas da minha querida amiga May Shuravel estão em cartaz em setembro: o curta "As Fadas da Areia", dirigido por João Batista Melo, foi incluído no 12th Auburn International Film Festival for Children and Young Adults, e será exibido na Austrália no dias 24 e 25. Também está na programação do 7º Festival Internacional de Cinema Infantil que começa hoje -- aqui em São Paulo, duas sessões-pipoca: dia 19, às 11h30, no Cinemark do Shopping Eldorado, e dia 20, às 10h30, no Cinemark Santa Cruz.

11 de set. de 2009

O ensaio


Meu filho e os amigos também estão planejando formar uma banda. Só espero que os ensaios não sejam aqui em casa.

(ST)

10 de set. de 2009

Depois da chuva


Dias atrás, xeretando a lojinha do Instituto Moreira Salles no Conjunto Nacional, comprei uma série de postais de Haruo Ohara, um fotógrafo japonês que emigrou com a família para o Paraná em 1927, onde passou a vida trabalhando na agricultura e registrando a natureza e o dia-a-dia das pessoas do lugar. A foto "Crianças apreciando o arco-íris" foi feita em 1950, na Chácara Arara, em Londrina -- não é um registro do verdadeiro encontro do arco-íris com o pote de ouro?

(Silvana Tavano)

8 de set. de 2009

Aquele abraço

Dias atrás anotei uma ideia pra desenvolver em algum momento: uma menina que se apaixona no primeiro abraço -- é um abraço diferente, como ela nunca tinha experimentado, e que acontece bem antes do primeiro beijo. Porque tem abraço que é mais do que acolhedor. Daquele tipo que enlaça a gente, íntimo. Quando é de verdade, o abraço é um encontro.

Por coincidência, ontem recebi um abraço gostoso da querida Claudia Berkhout. Veio em forma de poesia, por e-mail: o texto anda circulando na internet e vem assinado por Mário Quintana, informação que ainda vou checar. De todo jeito, é bonito e amarrou a minha ideia de abraço com laço de fita.

Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando voltas. Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.

(ST)

4 de set. de 2009

Meteorologia

O vento deixa a menina inquieta
Faz barulho, desmancha tudo
Até o cabelo da boneca

A chuva também desanima
Não dá nem pra brincar no quintal
Se o pinga-pinga não termina

(Silvana Tavano)

3 de set. de 2009

2 de set. de 2009

Das coisas difíceis (2)

Todo mundo já passou por isso: querer adivinhar o que a outra pessoa está pensando. Às vezes nem é tão difícil assim, porque o pensamento escapa pelos olhos, sai num sorriso ou vira careta. O problema é topar com uma dessas pessoas ilegíveis -- você fala e fala e o outro só escuta com uma cara normal, simpática até, mas, sei lá, bloqueada. E você ali, louca pra saber o que a pessoa está achando... Depois de um desses encontros, fiquei pensando que alguém podia inventar o raio Z, uma espécie de primo do raio X, capaz de radiografar pensamentos. Claro que esse “esqueleto” seria meio diferente, com cores, por exemplo: tons de azul sinalizando pensamentos positivos, amarelo prum pensamento tipo “sem graça”, verde (ou roxo) pro pensamento raivoso, cinzas e preto pros pensamentos negativos, por aí.
De todo jeito, acho que seria bem difícil ter um aparelhinho de raio Z portátil e, mais difícil ainda, conseguir usar na hora H. Fazer o quê? Tem coisas que só a bruxa Creuza dá conta de resolver.

(Silvana Tavano)

1 de set. de 2009

Das coisas difíceis

Acho que lembrei desse miniconto antigo porque hoje tenho uma tarefa beeeeeem difícil pela frente. Pra quem já leu, peço desculpas pelo replay. Mas por conta do meu problema não sobrou tempo pra passear de bicicleta. De todo jeito, o texto me trouxe alguma esperança: quem sabe o meu difícil não seja do tipo médio?
...
Comer só um pedaço de chocolate, esperar todos aqueles minutos pra entrar na piscina depois de almoçar, ir só uma vez na montanha-russa. Essas coisas são difíceis, mas a gente consegue fazer. É um difícil-médio.
Por outro lado, tem o difícil difícilimo: espirrar sem fechar os olhos. Impossível não é. Mas acontece que espirro é o tipo de coisa que sempre vem de repente e aí, pronto, quando o espirro sai, o olho já fechou. Com bocejo é igual: é difíiiicil não bocejar quando alguém abre a boca perto da gente.
O difícil que pega a gente desprevenido é o pior. Teste-surpresa no meio da aula, por exemplo. Se for de matemática, a palavra DIFÍCIL até pisca, com todas as letras enormes.
Também tem o difícil-quem-sabe: pedir um gibi ou um joguinho de computador um dia depois do aniversário. Dá pra tentar, mas as chances são mínimas.
Cada difícil tem o seu grau de dificuldade. Outro dia descobri que existe até o difícil-fácil. Amarrar o tênis é o fácil mais disfarçado de difícil que conheço, mas tem um monte de coisas assim: andar de bicicleta, pular corda cruzada, ler um livro de trocentas páginas... É só pegar o jeito. Daí vira uma moleza.

(Silvana Tavano)

30 de ago. de 2009

Histórias -- onde encontrar

No fundo do mar tem história de tesouro, monstro e sereia
Dentro da floresta, de bicho, bruxa e fada
Na casa assombrada, o enredo tem fantasma, aranha e muita teia

Mas às vezes o tesouro está na ilha
Os fantasmas, no castelo, e o monstro mora numa vasilha

A sereia ganha pernas porque quer dançar na festa
E a aranha vai viver outras aventuras na floresta

Porque história não tem endereço fixo, acontece em todo lugar
Mesmo as que todo mundo conhece gostam de se reinventar

Se a bruxa aparece na praia e a fada no banheiro
A gente descobre novas histórias o tempo inteiro
E isso não é o melhor desse roteiro?

28 de ago. de 2009

Hoje

Cansada de ficar flutuando lá em cima, a nuvem desceu pra tirar uma soneca. Perdeu a hora, acordou com o dia e amanheceu neblina. De tanto espreguiçar, acabou se desfazendo e quando se deu conta, já não dava pra subir de novo. O céu aproveitou pra voltar a ser azul.

27 de ago. de 2009

Porque o lobo ficou menos mau

Confesso que nunca li nada da escritora espanhola Ana Maria Matute, nem sei se ela tem livros traduzidos por aqui, mas vou procurar. Gostei do que ela disse no LIJ:
...
Lo políticamente correcto lo ha fastidiado todo. No le puedes leer a un niño un clásico, que son fabulosos, porque hoy hay que decirles amén a todo y que al final caperucita se hace amiga del lobo. Y esto no es así, porque en la vida se van a encontrar con unos lobos tremendos. Al niño hay que decirle que hay cosas buenas, malas y tremendas y no darles una idea paradisiaca del mundo"
...
Pra ler a entrevista completa, clique aqui.

(ST)

22 de ago. de 2009

Sábado


Um passeio gostoso pra quem curte ilustração de livros infantis: as bicicletas do ilustrador espanhol Juan Ramón Alonso vieram de .

21 de ago. de 2009

Maluca-beleza

Presa no trânsito e atrasada pra uma reunião, ouço a voz do Raul Seixas no rádio, numa entrevista gravada nos anos 80: "O rock-and-roll é o meu jeito de dizer o que penso". A frase disparou um monte de ideias dançantes na minha cabeça. Pensamentos virando sons, e depois cores, formas, gestos, gostos, imagens, palavras... Ter o que dizer e achar o jeito certo -- tem coisa melhor?

(ST)

20 de ago. de 2009

Outro mundo


O trailer de "Meu Tio" (1958) me fisgou. Vou procurar por Monsieur Hulot ainda hoje na locadora.

(ST)

19 de ago. de 2009

Outra música

Quando o vento quer contar um segredo
Acorda soprando mansinho logo cedo
Nem faz alarde: solta a história no ar
Sabe que as folhas logo vão espalhar.

Sorte de quem consegue escutar.

(Silvana Tavano)

18 de ago. de 2009

O contador de histórias

Nada a ver com o filme que está em cartaz, mas a vida do policial David é igualmente emocionante. Aqui, a matéria que escrevi depois de passar uma tarde acompanhando o trabalho dele.

(Silvana Tavano)

17 de ago. de 2009

Procura-se!

Toda vez que vejo uma dessas faixas anunciando que um cachorro ou um gatinho se perdeu no bairro imagino uma criança chorando com o sumiço de seu bichinho de estimação. Às vezes a mensagem até diz isso, mas não como nesse bilhete tão triste colado num poste perto de casa. O autor não assinou, mas teve o cuidado de colocar o nome do prédio, o andar, o telefone e um retrato-falado do seu periquito "brãnco". E o coração partido -- quem não se comove? Alguém aí viu esse periquito tão querido?

(ST)

13 de ago. de 2009

Direto ao ponto

Pra não deixar nenhuma dúvida sobre o presente de aniversário que gostaria de ganhar, meu sobrinho Manoel fez um desenho caprichado do superheroi (ou monstro, não sei bem) e ainda escreveu tintim por tintim tudo o que eu preciso saber pra não comprar errado, coisa que já aconteceu mais de uma vez... Não é sensacional?

12 de ago. de 2009

Faz de conta que é verdade

Na última sexta-feira passei a tarde na maternidade Interlagos, acompanhando o trabalho de um grupo de voluntários. Eles conduzem uma roda de leitura com grávidas que estão na unidade de terapia semi-intensiva. O "Leia Comigo" faz parte de um projeto bacana do hospital que inclui várias atividades, de crochê à arteterapia: a ideia é quebrar o clima de ansiedade e preocupação pra facilitar o controle de gestações que correm algum risco. Conto tudo isso pra chegar no David, um desses voluntários e personagem da matéria que fiz para a revista Carta Capital. Ele nasceu bonitão e gordinho graças ao socorro da viatura policial que acudiu sua mãe, já em trabalho de parto. Depois, ao longo da infância de poucos brinquedos, o ponto alto eram os momentos em que a mãe contava histórias -- a do Patinho Feio e a aventura do seu próprio nascimento eram as suas preferidas. Cresceu sonhando com os livros que não tinha e com o guarda-anjo-da-guarda que tinha ajudado a mãe no parto. Virou PM e um dia também acabou ajudando uma mulher a dar à luz. Agora ele está terminando a faculdade de Letras e conta histórias infantis para as grávidas na maternidade. É bonita demais a história do David, e ainda tem muito mais. Assim que a matéria for publicada, linco aqui pra todo mundo ler.

(Silvana Tavano)

11 de ago. de 2009

Arco-íris

Num dia cinza como hoje
Tudo fica azul quando vejo você de longe

Digo olá, ofereço um caramelo
Ganho um sorriso amarelo

Pra não passar em branco
Invento um tombo e manco

Com o olhar verde-desconfiado
Você pede pra ver o machucado

Fico vermelho, disfarço, engabelo
Falo do reflexo dourado no seu cabelo

Fazer o quê?
Eu vejo cores em você!


Lembrei desses versinhos porque o clima aqui em casa anda colorido por novas paixões adolescentes. Tem coisa melhor?

(ST)

10 de ago. de 2009

Tá chegando a hora!


Um livro novo é bom; dois, é ótimo; e três, sei lá, nem dá pra dizer -- é o máximo. Foram escritos em épocas diferentes e por puro acaso estão chegando às livrarias praticamente juntos. "Longe", editado pela Globo, já está por aí. "O Mistério do Tempo", meu segundo livro pela Callis, aparece em breve. E amanhã tem o lançamento do segundo título pela Girafinha, "As Namoradas do Meu Pai", junto com o "Companhia Três Marias", da Maria Amália Camargo, na Livraria da Vila, a partir das 18h30. Esperamos todos os amigos lá!

(Silvana Tavano)

4 de ago. de 2009

Convite

Encontrar os amigos num lançamento sempre é uma delícia e dessa vez vai ser mais gostoso ainda, ao lado da Maria Amália. Esperamos por vocês!

(ST)

3 de ago. de 2009

Campanha

Não sei de onde vem a má fama de agosto. Dei um google, mas não descobri a origem dessa história de "mês do desgosto". Só confirmei que a cisma é forte e corre pelo mundo faz tempo -- pra quem é supersticioso, tem até lista das desgraças que aconteceram em agostos remotos e recentes. Proponho mudar o clima, começando o mês com uma nova rima-mantra, por exemplo, "agosto, mês do bom gosto" ou, num lance mais pessoal, "eu gosto de agosto". Os mais radicais podem até estampar uma camiseta: "aposto no oposto: xô, desgosto!". Por aí.

(ST)

31 de jul. de 2009

Surpresa boa

Levei um susto quando vi meu livro novo no site da Cultura. A editora ainda nem mandou os dez exemplares de praxe, só unzinho, que não canso de folhear, encantada com as ilustrações da Mariana Newlands e com a paginação da Vanessa Sawada, da editora Globo -- que sorte poder trabalhar com gente tão talentosa!

(ST)

30 de jul. de 2009

Era outra vez









Era uma vez a história de sempre
O príncipe casa com a princesa
E nada surpreende a gente

Mas, e se a maçã não fosse envenenada
E nessa história nem tivesse uma bruxa malvada?
A princesa adormece, o príncipe não aparece e...?

Era a vez de inventar uma história nova e interessante
Isso não parece bem mais emocionante?

(ST)

Muito antes de Toy Store

Encontrei esse filme de 1908 no Desculpe a Poeira, um sonho encantador produzido com os efeitos especiais da época pelo diretor Arthur Melbourne Cooper.

(ST)

28 de jul. de 2009

Cadernos, um problema

Sou canhota e talvez isso explique porque minha letra nunca foi redondinha. Na escola, por mais que eu tentasse caprichar, meus cadernos não ficavam bonitos como os das outras meninas. Bem que eu tentava, mas depois das primeiras páginas entregava os pontos, desanimada com aqueles garranchos. Com os anos, percebi que o visual da minha escrita ficava até interessante quando cedia à sua natureza -- a do caos total. De certa forma, isso me liberou pra escrever pensando e grifando, riscando, fazendo círculos, asteriscos, flechas, sinais de todo tipo. Mas o resultado visual é lastimável. Mais ainda quando escrevo com pressa, tentando registrar o que passa pela cabeça ou a fala de alguém. Nos meus tempos de repórter, sofria pra decifrar o que eu mesma tinha anotado no bloquinho. Estava tudo lá, só que praticamente ilegível. Por conta disso, virei especialista em desvendar minha própria letra e a de qualquer pessoa -- não tenho nenhuma dificuldade com receitas médicas, por exemplo. Ainda assim, continuo me esforçando: nos primeiros dias do ano, a agenda Moleskine sempre é um primor, mas logo perco a cerimônia e os rabiscos invadem as páginas antes de fevereiro. É por isso que, quando ganho um caderno especial como esse "Idea Book", recheado de ilustrações do Andy Warhol, simplesmente não tenho coragem de usar -- tenho a impressão de que se escrever ao lado dessa página linda, os insetos vão se revoltar. E com razão.

(Silvana Tavano)

27 de jul. de 2009

Bom de ler, bom de ver

Sempre que entrego um texto pra editora fico fazendo figas pra dar tudo certo com as ilustrações -- quando isso acontece, as imagens trazem novos sentidos, somam ideias e o livro fica redondo. É por isso que tenho uma certa inveja de quem ilustra e escreve, como minha querida amiga May Shuravel: é uma delícia acompanhar texto e ilustrações conversando como amigos íntimos no "Bruno Sem Sono". E por falar em amizade, adorei a estante do Bruno, com tantas histórias que eu gosto -- até os fantasmas assombrosos da Carla Caruso e a bruxa Creuza estão lá!