29 de jun. de 2009

Paraty


Estou indo pra Flip, como todo ano. Nesses dias, a cidade muda de cara -- no centro histórico, a gente tropeça o tempo todo nas pedras pés-de-moleque e nas pessoas andando pra lá e pra cá dia e noite. Gosto da festa e também gosto de estar lá no final do domingo, quando a cidade esvazia abruptamente e volta a ser a antiga Paraty, como nessa linda aquarela do Carcamo.

(ST)

26 de jun. de 2009

Outra moral

Com prazo apertado pra entregar um trabalho (interminável!), ando sem tempo de andar de bicicleta... Então publico mais um exercício do curso da Noemi Jaffe -- a proposta: recriar uma fábula de La Fontaine com um toque de humor e ironia. E assim ficou a minha versão de "A Cigarra e a Formiga":

Chateada com o final da história da sua cunhada, a cigarra resolveu imitar a formiga. Nesse verão, trabalharia incansavelmente. Bem, talvez nem tanto assim... Mas estava decidida a não aceitar os convites da turma pras farras e cantorias de sempre. Quem disse que não dá pra trabalhar cantando? E foi assim que a jovem cigarra encarou o batente, cantando com energia e vibração do raiar do dia ao pôr do sol, lotando seu freezer pro inverno.
Depois de alguns dias, porém, a cigarra se deu conta de que ainda não tinha cruzado com a formiga. Ué... Será que estou perdendo alguma coisa?. E estava mesmo. Curiosa, foi atrás de notícias e então ficou sabendo que as formigas andavam virando noite na balada funk. Como assim? Aquelas cdfs?!? Não é possível! Atônita, a cigarra ficou mudinha enquanto a amiga ia explicando:
-- As danadas inventaram a coreografia do passa-passa-folhinha!
-- Hã?!?
-- É! Uma dança genial, virou febre, todo mundo entrou nessa! Elas estão faturando a valer. Este ano vão passar um inverno num chalé dez estrelas, com lareira e tudo!
Nesse dia, a pobre cigarrinha trabalhou sem cantar. Como é que ela não tinha tido uma ideia dessas antes?

Moral da história: quem só canta, às vezes dança...

(ST)

24 de jun. de 2009

Recreio

Pra escutar certos pensamentos
Tem que parar por uns momentos
Até sentir que a cabeça flutua
A caminho do mundo da Lua

(Silvana Tavano)

23 de jun. de 2009

A vida o que é, senão sonho?


Uma das imagens do novo filme de Tim Burton, publicada no Children's Illustration me fez lembrar do poema que li dias atrás em "Alice":

Imagens de um país de maravilhas
distantes neste sonho onde o sol brilha
Distante sonho onde o verão se estilha

Elas deslizam ao longe, no entressonho
Lentamente, sob um céu risonho...
Longe. A vida o que é, senão sonho?


O último verso abre o meu próximo livro, "Longe".

(ST)

22 de jun. de 2009

Meus hobbies

Até pouco tempo atrás, quando alguém perguntava qual é a minha profissão, eu nem titubeava: jornalista. Custei muito pra incluir "... e escritora" nessa resposta. Hoje em dia, afastada das redações, às vezes tenho a ousadia de responder só "sou escritora", mesmo sabendo que a pessoa vai insistir no assunto: "Sei... Mas você trabalha em que?". Pois é. Muita gente acha que ser escritora é um hobby e, agora, com a extinção do diploma de jornalismo, acho que ganhei mais um.
A discussão sobre a obrigatoriedade do diploma não é nova e é sempre cheia de controvérsias. É verdade que Paulo Francis, Truman Capote e muitos outros grandes jornalistas talvez não tivessem esse canudinho pendurado na parede. Também é verdade que a prática das redações ensina mais e melhor do que a teoria das nossas tristes faculdades. Mas também é absurdo desqualificar a formação desse jeito, como se boa dicção e uma bela estampa bastassem pra transformar alguém em âncora de telejornal.
A academia não é mesmo uma garantia de qualidade, mas, aí, seria o caso de estender essa "desobrigatoriedade" do diploma pra muitas outras profissões. Estou errada?

21 de jun. de 2009

Livro novo com festa

O lançamento do "Era Uma Vez Para Sempre" foi pra lá de animado -- teve até bolo e parabéns pra Tatiana Belinky. O organizador da antologia e da festa, Marcelo Mafuf, registrou os bons momentos da nossa tarde de sábado.

(ST)

19 de jun. de 2009

Pinóquios


A revista de literatura infantil Imaginaria está publicando as aventuras de Pinóquio em capítulos acompanhados por imagens de ilustradores de várias épocas. A primeira é 1901 e foi criada por Carlo Chistri; a de baixo é de 1904, foi feita por Charles Copeland -- ele está bem simpático, mas senti falta do chapeuzinho. Na colorida, de 1924, a ilustradora Augusta Cavalieri desenhou um Pinóquio elegante em pose de quem está contando a maior lorota. Em 1911, no traço do artista Attilio Mussino, o Pinóquio ficou com pinta de almofadinha. Minha predileta é versão meio psicodélica de Corrado Sarri, de 1929. De todo jeito, trocentos anos depois, o boneco mudou muito de cara -- parece que só o nariz crescente continuou o mesmo.

(ST)

Um dia assim

18 de jun. de 2009

Um exercício

A tarefa: descrever o que fiz de manhã, inserindo no texto três palavras novas, garimpadas no dicionário.

O celular dá o primeiro gritinho estridente no quarto escuro, um zizio (*) insuportável, mas necessário. Acredito, pulo da cama e abro a janela automaticamente, mas o dia ainda não acordou – a lua continua lá, contornando o horizonte, sem pressa nenhuma de se retirar. A pressa é só minha: escovo os dentes, dou um sorriso pro espelho e então assusto meu rosto com a água gelada da torneira. Em seguida, pego a roupa de ginástica e, como todo dia, penso: será? Às 6h15 não tenho certeza de nada, mas sempre visto a intenção de fazer ginástica depois de deixar meu filho na escola. Isso funciona umas três vezes por semana. Mas, hoje, enquanto amarro o tênis, ainda não sei. Então saio do quarto, chamo meu filho, ouço o grunhido de sempre e, como sempre, ignoro. Entro na cozinha, ligo o forno e pela grande janela olho pro céu finalmente desperto, mas contrariado, cinzento como o frio. O ar desanimado das laranjas me faz preferir o melão. Experimento o suco que preparo com hortelã e água de coco, acho bom, sinto o corpo acordar por dentro. Esquento o leite, aciono a torradeira, procuro no armário o mel especial que minha amiga mandou, uma santa puçanga (*), ela garante, pra tosse que não passa. Coloco tudo na mesa: copos, talheres, guardanapo, xícaras e requeijão, enquanto olho pro relógio na parede e grito o “tá na hora” das 6h35. Lá de dentro, ouço outro grunhido, dessa vez em alto e bom som, algo ameaçador vindo do banheiro. Penso que uma vergastinha (*) cairia bem, mas quando meu filho finalmente aparece na cozinha abro um sorriso e dou meu rosto pra ele beijar.

(*) zizio: ruído característico, som agudo, prolongado e sibilante.
(*) puçanga: remédio caseiro.
(*) vergasta: chicote, vara fina e flexível.

17 de jun. de 2009

Referências

Hoje cedinho, andando no parque Villa Lobos com uma amiga querida, lembrei outra vez da minha infância quando ela contou o comentário do filho sobre o hotel escolhido pras férias de julho: "oba, lá tem waffle quentinho no café da manhã e bolo de chocolate no lanche da tarde". Tudo o que um hotel precisa pra merecer vinte estrelas quando a gente tem 9 anos.

(Silvana Tavano)

15 de jun. de 2009

Poção

Numa dessas noites frias, voltei a ser a menina que queimava a língua sem paciência de esperar o chocolate esfriar. O passado às vezes reaparece assim: um gosto doce e urgente.

(Silvana Tavano)

Você já passou por isso?


Eu, sim, e acho que a Michele Prado também -- ela postou a tirinha do Calvin com um título bem sugestivo: "autobiografia".

(ST)

14 de jun. de 2009

Túnel do tempo

Voltei no tempo passeando pelo Vintage's Kids Books: raspar a cortiça da tampinha torcendo pra ser premiada era quase melhor do que tomar o refrigerante -- alguém ainda lembra disso?

(ST)

Apoiado

Na coluna "Gente Boa", do Globo de ontem:

"...Como se não bastasse a Turma da Mônica e da Luluzinha 'teens', agora vem aí a revista da Tina, em que ela nem de longe lembra a riponga das historinhas com o amigo Rolo. Virou uma periguete de top e sainha curta".

(ST)

10 de jun. de 2009

Agenda (2)

Tive a honra de ser convidada pelo Marcelo Maluf para fazer parte da antologia "Era Uma Vez Para Sempre". Espero todos lá!

(ST)

Agenda

Programa legal pra quem fica em São Paulo no feriado: a revista Crescer comemora a 4ª edição dos "30 Melhores Livros Infantis do Ano" -- na qual tive a alegria de ser incluída com o "Como Começa" -- nas livrarias Sobrado, na quinta, e Saraiva, no sábado. Depois das contações de histórias, tem bate-papo gostoso com a editora Cristiane Rogerio, que coordena a produção das listas desde 2006, e escreve pra pequenos e grandes sobre como é bom ler pra crescer.
Pra saber tudo sobre os dois eventos, clique aqui.

(ST)

8 de jun. de 2009

Outra língua

As ruas acordam sem muito assunto, mas quando o movimento começa elas não param de falar. Nas grandes avenidas é diferente -- essas quase nem descansam, tem sempre um vozeirão no ar. E nem precisa ser avenidona, qualquer rua mais larga gosta de falar grosso, já reparou? Diferente das ruelas estreitinhas, que vivem meio roucas porque passam a maior parte do tempo quietas. Essas são poucas e gostam do silêncio. O contrário daquelas esquinas sempre barulhentas, onde duas ruas agitadas se encontram todos os dias pra tagarelar.
Rua de cidade grande é assim, cheia de história pra contar o tempo todo: até as ruinhas sem saída passam o dia indo e vindo até a entrada, atrás de um papinho.

(ST)

Num dia frio

Nada como uma boa aventura
Pra esquentar a imaginação
E aumentar a temperatura

(ST)

5 de jun. de 2009

Preguiça e pressa

Quando o frio chega, o dia tem preguiça de acordar -- perde a hora e não clareia. Até o sol fica encolhido e se cobre de nuvens. Às vezes demora um tempão pra aparecer. Enrola, pensando em tirar uma folga. Mas quando decide sair, tudo esquenta e o dia finalmente começa azulzinho. Só que a noite de inverno é apressada: às cinco da tarde, a lua já está lá, brihando no céu.

(ST)

1 de jun. de 2009

De-lí-cia!

A Época desta semana publicou dez dos 30 melhores livros infantis do ano, uma seleção feita por 41 especialistas para a revista Crescer. O meu "Como Começa" está lá.

(Silvana Tavano)