27 de ago. de 2015
inverno
é como um toque de recolher: os dias vão embora mais cedo, encolhidos de frio, e a vida lá fora fica mais quieta pedindo pra gente escutar as palavras de dentro.
24 de ago. de 2015
trecho
… de uma nova história:
(…) Ah, preciso te contar o sonho! Hoje acordei com uma vontade louca de comer brigadeiro por causa desse sonho. Lembra quando a gente ficava enrolando brigadeiro a tarde toda? Então, sonhei com aqueles soldados-bolinhas enfileirados na mesa da cozinha, lembra? Você inventava que a mesa era o pátio do quartel e daí contava a história do exército de brigadeiros. Era uma história sem pé nem cabeça: você dizia que eu não podia comer todos os soldados de uma vez porque o batalhão tinha que ocupar o território inteirinho, e o território era o prato! Que maldade enganar uma criancinha desse jeito, como você tinha coragem? Daí pulei da cama com desejo de brigadeiro e com tanta saudade daquela época... Sinto saudade de você, sabia?
16 de ago. de 2015
domingo
No meio da tarde, a saudade vem me visitar. Senta no sofá, aceita o cafezinho e vai ficando, indiferente às horas que passam pelo meu relógio. O dela é outro, e ecoa seu tic-tac no silêncio da casa, preenchendo o tempo com a falta que você faz.
9 de ago. de 2015
pai
espuma de barba
beijo branco
beijo branco
na pele macia
molho de tomate
carinho e cachimbo
no domingo
a montanha mais alta
força e abrigo
na ventania
6 de ago. de 2015
o xis da questão
A professora me dá o giz e pede uma palavra com xis.
Xiiiiiii! Será que xícara, será que chácara…?
Ah, tem aquela! Professora, como é que se diz…? Aquilo que tem nas fontes…
Acho que é… Hmm… É… Chafariz?
Na mesma hora, ela torce o nariz: essa palavra é bonita, mas cadê o xis?
Olha pra classe, quem se arrisca? "Chilique!", grita a Beatriz.
Agora ela fica furiosa! Ainda bem que esse erro eu não fiz...
Então, de repente, lembro da história do gato…Xadrez!
E a professora bate palmas, feliz.
Ufa, que alívio... Essa foi por um triz!
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