30 de abr. de 2016

casa

Os dias passam enquanto percorro os corredores do supermercado, espero a vez no posto de gasolina, na fila do banco, no balcão da farmácia, e a reunião marcada para as 2 começa às 3 e só engata no assunto às 4. No meio disso tudo, cruzo com tantas distrações, acenando, convidativas, vem, vamos tomar um café, e se a gente fosse ao cinema, é o último dia daquela exposição, só um giro pelo facebook, que mal tem? Dias assim me levam para longe, nem sempre consigo voltar.
Estou em casa quando tudo é silêncio: então ouço a campainha, abro a porta e me acomodo para receber as palavras que vem me visitar.

28 de abr. de 2016

preocupação

é uma nuvem que encobre o pensamento em sombras, ameaçando tempestades que nem sempre acontecem.

4 de abr. de 2016

memória

Às vezes é uma frase, ou nem isso: é só o jeito de dizer. Certa música, um cheiro inesperado, coisas que acontecem e imediatamente me colocam em outro lugar, como se eu estivesse sentada na cabine de um trem que me leva em alta velocidade rumo aos meus sete, oito anos. Na primeira estação, uma menina acena da plataforma, sorri pra mim e no mesmo instante já está dentro do vagão, sentada ao meu lado, repetindo a frase ou trazendo de volta o perfume que agora viaja comigo. A viagem prossegue e ela se acomoda no meu colo; pouco a pouco adormece dentro de mim, ninada pelo sacolejo rápido do trem, sonhando num tempo que nunca envelhece.