30 de mai. de 2015

trecho

--> de uma história que está começando:

(...) Aos poucos, as coisas foram clareando, para o bem e para o mal. Livre do tampão e com a ajuda das grossas lentes dos óculos que comecei a usar logo em seguida, finalmente comecei a enxergar. De repente, contornos firmes, cores fortes, todas as imagens nítidas e de novo eu: fora de foco, deslocada, sem conseguir me encaixar nas situações, nas conversas, nos lugares. A sensação de rejeição não era exatamente uma novidade, a diferença é que, agora, eu não tinha como não ver. Então me refugiava num outro mundo, o que descobri bem antes de meus olhos voltarem a ser quase paralelos, um canto só meu, cheio de visões e imaginação, a casa pra onde continuo indo sempre que fica difícil encarar as coisas como elas são.
Dentro dos meus desenhos, é lá que quero morar.

23 de mai. de 2015

ninho

passarinho, abrigo, leite em pó
casa na árvore, carinho, colo de avó

gravetos e ramos entrelaçados num grande nó
abraço e amor misturados numa coisa só

12 de mai. de 2015

9 de mai. de 2015

mãe

a fivela-pente
o anel de pérola
o bilhete com a letra dela
uma foto-binóculo
o lenço de rendinha
e a saudade
dentro da caixinha

5 de mai. de 2015

raça

e porque ela sempre latia e rosnava por força (e certa vaidade) de seu pedigree nervoso, ninguém imaginava o quanto a mini-poodle tinha detestado o cheiro do xampu, o corte esquisito e aqueles horríveis lacinhos vermelhos.