29 de abr. de 2011

A turma

Hoje cedo a conversa estava tão animada que precisei fechar a janela pra poder trabalhar. Mas confesso que fiquei olhando um tempão com certa inveja: tem coisa melhor do que encontrar as amigas pra colocar o papo em dia comendo umas gostosuras? As maritacas sabem das coisas.

(ST)

28 de abr. de 2011

No CEU (2)

Sentei no meio da roda e todo mundo foi se ajeitando pra ouvir a história do "Faz de Conta Que é Verdade". Nesse canto gostoso da biblioteca do CEU Capão Redondo, apareceu dinossauro, barata, homem-aranha e outros bichos, com meninos estirados na praia e meninas sonhando com princesas.

(ST)

27 de abr. de 2011

No CEU


Valeu a pena encarar o trânsito e a distância pra chegar ao CEU Três Pontes, no Jardim Célia. A tarde de prosa e poesia na biblioteca lotada de alunos e professores foi muito gostosa. Só isso já teria valido a "viagem".
Mas, no meio da conversa, o professor de teatro João Júnior, que integra o PIÁ -- Programa de Iniciação Artística -- me pediu "O Lugar das Coisas" pra dar uma olhada e saiu da sala. Uns dez minutos, essa turminha aí embaixo aparece com o livro na mão, pedindo permissão pra fazer uma apresentação.
Parecia até que eles tinham ensaiado o jogral durante horas: cada um deles lia um trecho, terminando em coro no final de cada bloco. Pra fechar com chave de ouro, o próprio João entrou em cena pra segurar a garotinha na mesma posição desenhada pelo ilustrador Biry Sarkis.

Não estranhe se, de repente, algo se inverter/ De ponta-cabeça é só outro modo de ver/ Porque cada coisa tem o seu lugar/ Mas tudo sempre pode mudar/ Depende do seu jeito de olhar!


Fiquei literalmente no "céu".

(ST)

26 de abr. de 2011

Tarde demais

É como um gol que acontece depois do juiz apitar o final da partida -- já não há o que comemorar. Às vezes a gente torce tanto e espera muito pra que certas coisas aconteçam, mas o encontro que poderia mudar tudo ou a palavra que talvez virasse o jogo perdem a hora de acontecer.
Tarde demais é quando o futuro chega atrasado.

(ST)

19 de abr. de 2011

Escrever

Às vezes começo colocando o sofá e alguns tapetes na sala. De vez em quando, os primeiros móveis vão direto para o quarto, e é lá que fico morando um tempão, meio fechada, sem pensar na mobília do resto da casa. Cada vez acontece de um jeito, mas escrever pode ser exatamente assim, e as histórias só terminam quando a casa está toda equipada, com roupas dentro do armário, cheiro de bolo na cozinha, portarretratos e objetos espalhando lembranças por todos os cantos. 
Enquanto moro nesse lugar, muitas vezes mudo a decoração, hospedo pessoas que vão e vem, aprendo a conviver com quem acaba ficando. No final, quase sempre é difícil abandonar essa morada – depois de um tempo a gente se apega, tudo em volta já se tornou querido e familiar demais. Com certa tristeza, me preparo pra ir embora, mas enquanto checo todas as coisas pela última vez também fico satisfeita vendo que a casa está montada, em ordem e pronta pra receber visitantes. Então passo um tempo perambulando pela cidade, me atrevo por bairros desconhecidos, descubro ruas simpáticas e, em algum momento, me interesso por outro endereço. Nos primeiros dias, estranho tudo: os barulhos da vizinhança, a cara do jornaleiro, a distância até a padaria. Mesmo assim, decido ficar porque, depois de pintar as paredes de branco e passear sem pressa pelos espaços ainda vazios, sinto o perfume de uma história novinha em folha misturado ao cheiro da tinta fresca.

(ST)

18 de abr. de 2011

Um livro, muitas histórias

No sábado, o "Como Começa" entrou na roda de leitura dos pequenos do Colégio São Domingos. Não conseguimos chegar a uma conclusão sobre o mundo ter começado num dia 1º de janeiro, mas todo mundo concordou que uma boa piada sempre faz a risada começar.
 
De lá, o livro foi para o palco da Pinacoteca, numa apresentação linda do Grupo Dançaberta.      


O vento também é um mistério 
Às vezes, começa antes da chuva 
E de vez em quando começa por nada
É só vontade de ventar

(ST)

15 de abr. de 2011

Fofoca (2)

Essa é pra espalhar: o espetáculo “Começar e Cutucar: Vamos Ver Onde Vai Dar”, baseado no livro da Marília Fiorillo, “Nem Tudo se Cutuca”, e no meu “Como Começa”, entrou na programação da Virada Cultural. O Grupo Dançaberta se apresenta na Pinacoteca do Estado (Praça da Luz, 2), às 16h. Espero todo mundo lá!

(ST)

Fofoca (1)

Ela disse que ele disse e pediu pra não dizer, só que o diz que diz já tinha começado a correr, diz a ilustração de Norman Rockwell.

(ST)

13 de abr. de 2011

Mentira

Era como se o som das palavras não encaixasse com o movimento dos lábios: o menino parecia o ator de um filme mal dublado.

(ST)

12 de abr. de 2011

Ai, que azul!

No 7º capítulo de "Uma Bruxa em Órbita", a Creuza fica encantada tudo o que está acontecendo na grande festa de Marte. Vibra com as danças rodopiantes, com os penteados exóticos das bruxas e com os vapores multicoloridos que não param de sair dos caldeirões flutuantes. No próximo capítulo, o último, programado para entrar no ar no próximo dia 14, ela vê a Terra pela luneta mágica do bruxo Hélio e se emociona do mesmo jeito que o astronauta russo Yuri Gagarin, hoje lembrado no Estadão pela sua célebre frase: "A Terra é azul!".   

Pra ler a história completa, clique no Brincando na Rede.

11 de abr. de 2011

Aspirador

Fecho a porta, mas o rugido da fera vibra nas paredes, passa pelas frestas e invade a minha cabeça, sugando as ideias que ainda estavam estavam escondidas numa nuvem de poeira.      

(ST)

7 de abr. de 2011

O primeiro sutiã

Eu ainda não tinha 12 anos quando ganhei meu primeiro sutiã. Como fui uma das primeiras a precisar do acessório, lembro que, no início, achei esquisito e ficava sem graça quando os meninos puxavam a alça só pra azucrinar. Já entre as meninas o sutiã provocou um efeito diferente: aquela sombra debaixo da camisa branca do uniforme revelava que eu já era "grande" e impunha certo respeito entre o grupo. Não é pra menos que aquele slogan publicitário fez tanto sucesso -- o primeiro sutiã a gente nunca esquece mesmo: o meu fez parte do ritual de passagem para a adolescência. Lembrei de tudo isso lendo a reportagem publicada na Folha de hoje, sobre os sutiãs confeccionados especialmente para crianças, "peças com enchimento imitando o formato dos seios"(!?!).
Confesso que fico incomodada quando vejo uma menina de 6 anos usando sandalinha de salto alto, brilho nos lábios ou fazendo as unhas no salão de cabeleireiro. Possivelmente ela já está usando ou pedindo pra mãe comprar o tal sutiã com bojo sem imaginar que, com tudo isso, não vai curtir o melhor da festa, quando chegar aos 12.

(ST)              

6 de abr. de 2011

Novidade na janela

Estava trabalhando na maior concentração quando apareceu... um pica-pau. Com o maior cuidado pra não espantar o novo visitante, dei um zoom e comecei a fotografar.
 
Pra minha surpresa, o gorducho não se intimidou. Tivemos até um momento olhos nos olhos.    
 
Como tudo parecia tranquilo, me atrevi a levantar e fotografei a lindeza de outro ângulo. Ele é enorme, mas tão elegante! 

E então, no melhor estilo pica-pau, o danado atacou a bandeja de frutas e devorou tudo em ritmo acelerado. Só sobrou casca de mamão.

As maritacas vão chiar, mas eu adorei. Tomara que ele vire freguês e apareça mais vezes por aqui.

(ST)   

4 de abr. de 2011

Animal ferido

Disseram que ela passou o tempo todo miando pelos cantos do apartamento, desolada. Nem por isso tive uma recepção calorosa quando cheguei de viagem. Aliás, foi mais uma não-recepção, como sempre acontece. Assim que entrei em casa, a gata me lançou um rápido olhar acusador e seguiu fazendo suas coisas, sem dar a menor bola. O gelo continuou no final de semana, e depois de duas ou três tentativas de aproximação, resolvi ficar na minha. Hoje cedo, como quem não quer nada, ela pulou pra cima da “nossa” mesa e foi se acomodando na almofada preferida -- o roteador sempre quentinho -- só que fez questão de ficar assim, de costas pra mim. Também vou fazer de conta que não é comigo. Vamos ver quanto tempo ela aguenta. 

(ST)              

1 de abr. de 2011

Sete dias e um post

Frio em Milão, sol em Bolonha e uma agenda puxada que rendeu encontros deliciosos no IBRIT (Istituto Brasile Italia), nas escolas e na feira do livro. O álbum de fotos conta um pouco do que aconteceu na viagem:



Conversa gostosa com a jornalista carioca Monica Paes, que vive em Milão há 25 anos e comanda um programa na Radio Popolare.

Carla e eu com as alunas e a professora de uma das escolas que nos receberam em Milão.


Carla apresenta Tarsila do Amaral para uma turma de ouvintes atentos.


Plateia aninada do começo ao fim de cada encontro nas escolas.

Eu, a editora Miriam Gabbai, da Callis, e Carla Caruso, no IBRIT (Intituto Brasile Italia) no evento "Conversa com Autores".


Carla com Silvia Ghetti, que traduziu nossos livros, e a escritora Claudia Souza, que coordena as atividades do IBRIT.

Pausa para um cappuccino com a querida Maria Eugenia na feira de Bolonha.
 
Não vi a senhora Meyer pela janelinha do avião, mas a bruxa Creuza estava lá e se intrometeu o tempo todo na minha conversa com a Júlia Moritz Schwarcz que, há oito anos, leu e publicou as primeiras histórias dessa personagem.

(ST)