23 de mar. de 2011

Voar (2)

No 6º capítulo de "Uma Bruxa em Órbita" a Creuza pousa em Marte pra participar de uma grande festa -- a continuação da história já está publicada no site Brincando na Rede.
Eu também estou com a malinha na mão, a caminho de Milão e Bolonha com a querida escritora Carla Caruso pra participar de uma série de eventos no Instituto Brasile Italia a convite da editora Callis. Depois seguimos rumo à Fiera del Libro di Bologna. A nossa festa também promete.
Mando notícias, até a volta!

(ST) 

21 de mar. de 2011

Voar

Adoro viajar, mas não gosto nadinha de aviões. Não por causa do desconforto, a poltrona apertada não é problema pra mim. Dureza é o aperto do peito e a vontade de sair correndo na hora em que a porta fecha. Disfarço bem, só alguém muito atento vai perceber que estou em pânico, mas é exatamente assim que me sinto durante todo o tempo de voo -- um tempo suspenso em que fico literalmente em suspense. Leio cinco vezes a mesma página do livro, tento acompanhar o filme, com sorte até tiro um cochilo, mas estremeço ao menor chacoalhinho, chamo a aeromoça se percebo um ruído estranho. O drama só termina quando o avião finalmente pousa.  
Anos atrás, por conta de uma reportagem para a revista Exame, fiz um curso para executivos que tinham medo de avião. Aprendi um monte de coisas sobre correntes de ar e turbulências, e até escrevi uma matéria encorajadora, mas, na prática, segui embarcando com todos os meus temores. Muitos anos depois, esses temores inspiraram a primeira história infantil que escrevi, a da bruxa Creuza em pânico dentro de um avião, na época em que trabalhava na revista Marie Claire e estava prestes a ser despachada para a Espanha. De lá pra cá, venho aprendendo a voar a bordo das palavras e gosto cada vez mais dessas viagens. É por isso que, a dois dias de encarar mais um avião rumo a Milão e Bolonha, peço emprestada a vassoura da Creuza e também releio a história de Wolf Erlbruch -- dessa vez, vou sentar perto da janela pra tentar ver a senhora Meier voando com seu melro.


(ST)

18 de mar. de 2011

Irmãs

Entre duas irmãs, nove anos
E a alegria da moleca com sua boneca

Entre duas irmãs, outro tempo
E a intimidade de amigas de verdade

(ST)

17 de mar. de 2011

16 de mar. de 2011

15 de mar. de 2011

Memória

Toda vez que passo em frente ao prédio onde morei quando era pequena tenho o impulso de parar e perguntar se tem algum apartamento pra vender ou alugar. Não estou procurando imóvel, isso seria só uma desculpa pra visitar o lugar onde vivi dos 6 aos 13 anos. Dias atrás, uma placa pregada no portão do prédio me fez encostar na primeira vaga que surgiu. Estacionei, mas não saí do carro. Não sei quanto tempo fiquei ali, olhando pra portaria onde eu e a “melhor amiga” do 6º andar montávamos uma banquinha improvisada com pilhas de gibis velhos. A gente passava a tarde oferecendo as revistinhas pela metade do preço pra quem passasse pela calçada. Adélia era uma ótima vendedora! Por onde andará essa minha primeira sócia?
Depois olhei para o terceiro andar e entrei pela janela no quarto da minha mãe, adivinhando a grande penteadeira com espelho na parede à esquerda, a cama de madeira bem em frente, a porta do banheiro no meio da outra parede, “disfarçada” entre as portas dos armários embutidos... Fui até a sala, sentei no sofá verde de pés palito, abri a tampa do piano preto e parei na frente de um quadro que sempre achei triste -- uma praia escura e deserta, presa numa moldura dourada horrorosa. De repente, pensei: será que a sala é mesmo tão grande quanto a da minha memória? E então perdi a coragem de ir em frente. Porque o mundo inteiro cabia dentro daquele apartamento, e também no quintal da minha avó e no pátio da escola, lugares que vão continuar sendo do tamanho do meu mundo de menina.

(ST)

11 de mar. de 2011

Crescer

Na capa da Folha de hoje: o menino que vestia uma camisa listrada (no post que está logo aí embaixo) continua saindo por aí.    

(ST) 

10 de mar. de 2011

Soninho

Efeito de um dia cinza depois do feriadão.
...

A imagem faz parte da série "Sleep", da designer inglesa Sarah Cai.

(ST)

3 de mar. de 2011

Abre-alas

Fantasia colorida
Pingos de confete
Chovem na avenida
 
"Ala das Baianas do Carnaval do Rio", de Sonia Campos

(ST)

2 de mar. de 2011

É isso

Sabe aquela pessoa completamente aérea, que vive distraída e sempre passa uma sensação de ser meio confusa? Esse personagem se encaixa perfeitamente no adjetivo “despassarado”, uma palavra que os portugueses usam muito, e que raramente aparece por aqui. O que é uma pena, pois despassarado diz tudo: a gente logo imagina alguém desnorteado, perdidão, um misto de desastrado com desorientado. Fui atrás da etimologia: embora tido como derivado de des- + pássaro + ado, a relação entre os elementos e o significado do vocábulo é obscura, diz o Houaiss. Mas, será tão obscura assim? Penso num passarinho que se afasta da turma atraído por uma promessa qualquer e depois continua voando sem rumo. De vez em quando pousa num galho, dá uma bicada aqui, outra ali, de repente percebe que está num lugar estranho e alça voo mais uma vez, sem saber direito onde quer chegar. Totalmente despassarado. Quem não conhece alguém assim?
(ST) 

1 de mar. de 2011

Adolescência

"De vez em quando, pego o álbum da festa pra olhar e eu mesma não acredito na minha cara de felicidade em todas as fotos. Lembro que cheguei em casa às seis da manhã, com a cabeça e o coração a mil. Não conseguia dormir. Fiquei um tempão sentada no meu quarto, no meio de um monte de presentes, realizando a coisa toda. A virada dos 15 anos foi muito forte pra mim. Desde os 13, meu corpo vinha explodindo -- eu parecia um mulherão de 1,80 m, mas continuava me sentindo uma menininha. Depois daquela festa cheguei mais perto da minha altura. Então tudo começou a se encaixar."

Trecho de um dos depoimentos de "O Nosso Rito a Gente Inventa", livro novo saindo logo, logo pela Callis.

(ST)