29 de jun. de 2012

Esforço

No início, é difícil. Muito difícil. Já passei por isso antes e sei o que me espera -- insônia, mau humor, uma tristezinha que não vai embora e, o pior de tudo pra mim: dificuldade pra me concentrar e escrever. Por essas e outras, decidi me dar férias aqui no blog: prometo voltar assim que as ideias clarearem, sem fumaça por perto.   
Um ou outro tombo está previsto, os primeiros dias sem cigarro são dolorosos, mas vale a pena. Já experimentei a delícia de andar de bicicleta sem rodinhas e é assim que quero passear daqui pra frente. Até já!

27 de jun. de 2012

Aparências

Apesar das cinco letras que sempre o acompanham, Sozinho parece ser ainda mais solitário do que Só: é como se ele se encolhesse por dentro e assim, diminutivo, nos revelasse como é grande a sua solidão.

24 de jun. de 2012

20 de jun. de 2012

Sinais

Voz contida entre parênteses, sorriso apertado entre aspas, emoções presas entre vírgulas. 
E a menina ainda baixava os olhos pra não se revelar nas entrelinhas.

Carolina

Uma amiga telefonou pra contar seguinte diálogo:
-- Vó, quer dizer que as letras têm sentimentos?
-- Claro! É tudo coisa viva: a língua que a gente fala, e as letras também!
-- Então você me ajuda a escrever uma carta pra dar junto com o desenho de aniversário da Bia?
-- Ajudo, sim.
-- Mas tem que ser um bilhete muito comprido, sabe? Bem cheio de sentimentos!
...
Tem conversa melhor do que essa pra interromper a leitura do meu "Zum-Zum-Zum das Letras"?

18 de jun. de 2012

Velhinhas simpáticas

"Assim como os seres vivos, as palavras também envelhecem. Alguns vocábulos tornam-se melhores com a idade, adquirindo cada vez mais significados e popularidade, ao passo que outros acabam caducando, praticamente sumindo do vocabulário ou sobrevivendo com sentidos distintos do original".
...
Lendo a matéria "A Idade das Palavras", publicada na revista Língua Portuguesa, pensei no quanto gosto da companhia de certas velhinhas: supimpa, esplendor, quiprocó, obtuso, tolice, parvo e bacana, por exemplo -- não são adoráveis?

15 de jun. de 2012

Parquinho

Às vezes, estou no escorregador e o texto desliza sem dificuldade, rápido e fluído, até o final do parágrafo. Quando a brincadeira termina, dá vontade de repetir: encarar meia dúzia de degraus pra chegar de novo ao topo sempre exige algum esforço, quase nada perto da promessa de alegria no próximo mergulho. No gira-gira, tudo fica embaralhado e tem vertigem. Pode dar tontura, então vem o impulso de colocar os pés no chão, mas o bom é se deixar levar, cada vez numa direção. E sempre tem o balanço pra conduzir as palavras num vaivém gostoso, com ritmo e equilíbrio.
Como eu gosto de brincar nesse lugar.

14 de jun. de 2012

Vem!

Querida Ideia, tudo bem? Foi muito gostoso receber você aqui em casa ontem, mas, poxa, você foi embora tão rápido, a gente nem conseguiu conversar direito. Será que se chateou comigo? Bem na hora em que você apareceu eu estava tão ocupada, sei lá, me atrapalhei um pouco, acabei não conseguindo dar toda a atenção que você merece, desculpe! O pior é que nem deu tempo de pegar seu telefone, e-mail, essas coisas... Então resolvi escrever no blog porque sei que, às vezes, você passa por aqui. Bom, é isso. Se puder, aparece hoje, daí a gente toma um café com calma e fica papeando um tempão, sem pressa. Vem!

13 de jun. de 2012

11 de jun. de 2012

Quebra-cabeça


Dias atrás, comecei a escrever uma história. Depois dos primeiros parágrafos, me dei conta de que parte de um post publicado aqui há algum tempo talvez encaixasse na sequência. Deu tão certo que fiquei desconfiada: reli tudo várias vezes pra me convencer de que não tinha acabado de escrever aquele trecho. Então resolvi vasculhar meus rabiscos em cadernos antigos e fui encontrando o mesmo fio passando solto por algumas frases, esboçado numa situação ainda não concluída, às vezes apenas se insinuando numa ideia anotada às pressas.
É melhor dizer: anos atrás, comecei a escrever uma história. Depois de tantos primeiros parágrafos, acho que encontrei um recorte que, talvez, junte todas as peças desse jogo. 

6 de jun. de 2012

4 de jun. de 2012

Passeio

Começo a escrever como o turista que entra num ônibus pra dar o primeiro giro por uma cidade desconhecida: escolho um lugar perto da janela e sento confortavelmente pra apreciar a paisagem. Em certos trechos do percurso, sinto vontade de saltar do ônibus atraída por algum detalhe interessante. Penso que seria bom andar a pé por ali, com mais tempo, descobrir ruelas, quem sabe sentar numa das mesas de um café que parece tão simpático. Mas ainda não desço em nenhum ponto, quero circular mais um pouco, até pra me localizar melhor. Mesmo sabendo que não vou esquecer desses lugares, tomo nota dos endereços. Posso voltar a cada um deles nos dias seguintes se continuar sentindo vontade. No momento, a ideia é me deixar levar por caminhos que ainda não conheço. E não só: pelas pessoas também -- de vez em quando desvio os olhos da janela pra observar os personagens que entram e saem do ônibus, e lá pelas tantas começo a conversar com uma mulher que senta do meu lado. Ainda não sei se a conversa é boa nem se vou cansar do passeio antes de chegar ao ponto final. Por enquanto, o trajeto está encantando meus olhos de turista o suficiente pra que eu siga o curso da  história, mesmo sem saber até onde ela vai me levar.

1 de jun. de 2012

Tempo

De tão apressado, maio foi embora sem se despedir direito: hoje cedo levei um susto quando junho me deu bom dia.