Minha querida prima Bia Junqueira é atriz e também dá aulas na Companhia do Teatro Contemporâneo, no Rio de Janeiro. O curso deste ano tem um nome encantador: “A Felicidade de Atuar”, com aulas dirigidas, segundo ela, a todas as pessoas que querem se aproximar da arte de representar de forma lúcida e lúdica. Dias atrás, Bia escreveu contando que tinha dado uma aula inspirada num post publicado aqui -- fiquei feliz e também curiosa pra ver a “preguiça” em cena. Em seguida, ela perguntou se eu me animaria a escrever alguma coisa sobre a... raiva.
Concordei na hora mas, depois, confesso que empaquei. Difícil! Taí uma coisa que não gosto de sentir e nem de pensar sobre. Mesmo assim, pensei. E a primeira imagem que passou pela minha cabeça foi a de um comprimido efervescente caindo dentro de um copo de água: de repente, tudo o que estava calmo começa a borbulhar, numa reação química eletrizante que altera drasticamente o estado natural do líquido.
O efeito da raiva é bem parecido com isso -- o comprimido pode ser uma notícia, uma situação ou uma pessoa. Algo que provoca, irrita, transtorna: as emoções fervem, os piores pensamentos explodem e tudo se agita numa inquietação fora do normal. Só que, diferente da pastilha efervescente que a gente toma como remédio, uma pílula de raiva é veneno puro, faz mal para o estômago e adoece a alma.
O efeito da raiva é bem parecido com isso -- o comprimido pode ser uma notícia, uma situação ou uma pessoa. Algo que provoca, irrita, transtorna: as emoções fervem, os piores pensamentos explodem e tudo se agita numa inquietação fora do normal. Só que, diferente da pastilha efervescente que a gente toma como remédio, uma pílula de raiva é veneno puro, faz mal para o estômago e adoece a alma.
(ST)
5 comentários:
Carla Caruso me indicou seu Diários de Bicicleta que venho seguindo há tempo. É sempre um momento poético no dia, mesmo quando você fala de raiva. Até o borbulhar passa...e então aparecem os passarinhos de sua janela.
Um beijo,
Maice Glaser
Maice, que delícia começar o dia com um comentário desses. Muito obrigada!
ing
Oi, queria fazer parte do seu blog , nos links
VLW !!
http://gomesalex.wordpress.com/blog
um curso de reciclagem de professores de teatro e ontem me pedSilvana
Mais uma vez, a aula foi um sucesso graças ao seu texto. Os alunos adoraram. Ele , além de ser uma graça, indica a interpretação do ator. Com humor e sutileza para tratar dessa"vileza". Muito chic ter uma autora particular! eu faço iram para dar uma aula, cobrindo um colega que não poderá comparecer. Vou atacar de preguiça e ira, novamente. Agora para profissionais do ramo!!! Estou adorando isso tudo, bjs e gracias !
Realmente, ferver de raiva é horrível! Mas como não ferver? Na sociedade de consumo, inconsciente, tem muita coisa que me dá raiva! O desrespeito com o ser humano, o jogar lixo na rua, o estacionar em cima da calçada, A POLÍTICA QUE SE FAZ NO BRASIL, A INDIFERENÇA DA POPULAÇÃO COM AS COISAS ESSENCIAIS...Uma panela cheia de água sobre a chama de um fogão, naturalmente, ferve. Como não ferver nos dias atuais? Sinto que preciso estar sempre ESFRIANDO A FERVURA COM ORAÇÃO, INSTROSPECÇÃO, LAZER, TERAPIA...se não o CALDEIRÃO FERVE MESMO, E O PIOR, DERRETE-SE, BATE PINO.Sinto que se FERVER e juntar a minha FERVURA COM O DO OUTRO, é NITROGLICERINA PURA, mas não adianta, as vezes me surpreendo com a rapidez da fervura e fervo, mas CONTINUAREI VIGILANTE COM O OBJETIVO DE FERVER MENOS E EVITAR ESTRAGOS.
A METÁFORA do COMPRIMIDO EFERVECENTE RETRATA MARAVILHOSAMENTE BEM O PROCESSO DA RAIVA E COMO ELA NOS CONSOME, COMO NOS DERRETEMOS NESTE PROCESSO!
josé reinaldo.
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