O mais comum é o tum-tum-tum de todas as horas, som de um bumbo que nasce com a gente e segue marcando sua batida cadenciada, um fundo musical familiar e até monótono. Tão repetitivo que só escutamos no susto ou se, por qualquer motivo, o ritmo acelera. Também é só de vez em quando que prestamos atenção num outro instrumento -- uma espécie de sanfona ou gaita de fole que abre e fecha sem parar, e sempre no compasso desse bumbo, compondo uma melodia suave que embala todo o corpo. Quando tudo está como sempre, parece musiquinha de elevador, a gente nem nota.
Acontece que certas coisas ou pessoas especiais podem tocar o nosso coração de um jeito diferente e aí, sim, ele faz músicas de todo tipo. Às vezes, o coração fica plissado e se recolhe, encolhido, fazendo o acordeão soar como o lamento de um tango triste. Mas quando a sanfona abre e o coração se alarga, a gente sente a música vibrar, dá vontade até de sair dançando na maior alegria, com o bumbo batendo feliz em plena festa.
*Para Lili, que ontem estava com o coração plissado.
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