9 de abr. de 2008

Uma palavra e muitas histórias

  • Ir atrás da origem das palavras conduz a histórias de todo tipo. Em certos casos, a etimologia traz explicações curiosas -- algumas parecem óbvias, outras, quase inacreditáveis. Como as diferentes versões que remontam a trilha da palavra "sebo", que transcrevo do Bazar das Palavras:
  • 1. Quando ainda não havia luz elétrica, as pessoas liam à luz de velas, e, naquele tempo, as velas eram feitas de gordura. Sebo! Derretendo, as velas sujavam e engorduravam os livros.
  • 2. Sujos e ensebados: assim ficavam os livros que estudantes e leitores vorazes carregavam o tempo todo embaixo do braço.
  • 3. Das várias derivações do particípio presente 'sapiente' -- 'sabente' , em espanhol, 'asabentar', em catalão, e 'insaventire', em italiano -- a palavra adquiriu o significado de 'tornar-se sábio', 'eruditar-se', 'instruir-se'. No português arcaico, isso correspondia a 'assabentar' e 'sabentar'. Essas formas levaram à palavra 'sabenta', que nomeia a apostila, o conjunto de lições ou as explicações de aula. Com o uso, 'sabenta' virou 'sebenta', isto é: a obra ou a coleção de notas de classe que tornava o estudante mais 'sábio'.

Gosto de sebos. E essas explicações se misturam quando encontro um livro bacana, com a capa meio grudenta e muitas páginas amareladas contando histórias cheias de sabedoria.
(Silvana Tavano)

5 comentários:

Anônimo disse...

sebo, saber, sabor

bjs, Carla

sabina anzuategui disse...

Ah, preciso confessar meu lado burguês... odeio sebos empoeirados e desorganizados cheio de exemplares velhos da Agatha Christie. Só gosto daqueles pequenos, com uma seleção bem cuidada de livros escolhidos pelo próprio dono. Às vezes o preço é igual ao de um livro novo, mas a experiência de descobrir algo entre um acervo pessoal me comove.

Anônimo disse...

Oi, Sil
Já me chamaram até de patricinha, veja só! Mas foi por gente que nunca me viu num sebo:adoro aqueles entupidos de livros,bem confusos, aí eu mergulho fundo até trazer para a superfície alguma pérola escondida! Gente, não tem sensação melhor, é tuuuuuuuuudo de bom!
beijinho
Trudy

Anônimo disse...

Vc me despertou uma saudade antiga, Sil. Qdo estudava na usp, costumava parar na pça da república, antes de pegar o metrô, só pra ficar escarafunchando os sebos da região; gostava dos sebos e dos seus habitués, os sebosos. Queria saber sempre o q cada um estava lendo. Às vezes, tentava adivinhar antes e conferia depois, na cara dura: "Qual o título do livro q está na sua mão?" Se o seboso fizesse cara feia, eu dizia logo q estava atrás de outro livro; se um sorriso aparecia, era meio caminho andado para um bom papo. beijocas

Sandrix

Anônimo disse...

Oi, Sil
Ai, tive que voltar:tentei tanto lembrar dessa palavra que a Sandrix usou tão certinho-Escarafunchar! Tem tudo a ver com os sebos...
Fiquei até com vontade de correr para o sebo mais próximo, e es-ca-ra-fun-char até cair!
beijinho
Trudy