"A vida é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos -- viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. É, portanto, um pisca-pisca.
(...) A vida das gentes deste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e anda; pisca e brinca; pisca e estuda; pisca e ama; pisca e cria filhos; pisca e gemes os reumatismos; por fim pisca pela última vez e morre.
-- E depois que morre? - perguntou Visconde.
-- Depois que morre vira hipótese. É ou não é?
O Visconde teve de concordar que era."
(quem mandou esse trecho genial das "Memórias de Emília" foi a Cristiane Rogerio, amiga e editora da revista Crescer)
2 comentários:
Filosofia pura! Lindo!
Beijo, Márcia.
Genial! Só a Emília mesmo para descrever a vida tão bem: "pisca-pisca".
Beijo.
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