Comer só um pedaço de chocolate, esperar todos aqueles minutos pra entrar na piscina depois de almoçar, ir só uma vez na montanha-russa. Essas coisas são difíceis, mas a gente consegue. É um difícil-médio.
Também tem o difícil dificílimo: espirrar sem fechar os olhos. Impossível não é. Mas acontece que espirro é o tipo de coisa que sempre vem de repente e aí, pronto, quando o espirro sai, o olho já fechou. Com bocejo é igual. É muuuuuito difícil ficar de boca fechada se alguém está bocejando do lado. Já tentou?
O difícil que pega a gente desprevenido é o pior. Teste-surpresa no meio da aula, por exemplo. Se for de matemática, a palavra DIFÍCIL até pisca, com todas as letras enormes.
E tem o difícil-quem-sabe: pedir gibi ou joguinho de computador pra mãe um dia depois do aniversário. Dá pra arriscar, mas vai ser bem difícil ganhar outro presente tão rápido...
Cada difícil tem o seu grau de dificuldade. Outro dia descobri que também existe o difícil-fácil. De verdade é um fácil disfarçado de difícil. Amarrar o tênis é o fácil com mais pinta de difícil que eu conheço, mas tem um monte de coisas assim: andar de bicicleta, pular corda cruzada, ler um livro de trocentas páginas. É só pegar o jeito. Daí vira uma moleza.
Esse miniconto foi publicado na Folhinha, em 2007. Continuo gostando dele.
(Silvana Tavano)
4 comentários:
difícil difícil-mesmo é não chorar escondido quando mãe viaja.
Difícil também é não gostar daqui.
Beijo, Dona Menina!
Concordo com a Ana Dundes. Difícil, se não imposível, é não gostar daqui e de alguem com um sorriso tão bacana como vc.
Ana e Ana Dundes,
Momento-confissão: tenho uma certa dificuldade pra receber elogios... e vocês exageraram. Obrigada!
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