30 de abr. de 2009

Uma ideia (continuação)

A história de outro dia poderia continuar assim:

Meu nome é Luesse. De verdade é Luisa, mas desde sempre fomos duas na classe: a Fagundes, que vem antes na lista, continuou sendo Luisa, e eu virei Lu Sampaio, a Luesse. Até penso em mudar meu registro um dia. Não sei se posso fazer isso de verdade, só sei que vou ser Luesse a vida inteira. Luisa é um nome que não me chama. Na escola, ninguém tem dúvida. Na família, sou Lu pra quase todo mundo. É um diminutivo boboca, mas não me incomoda. A única pessoa que insiste com o Luisa é minha mãe. Ela chega a dizer que não tem ninguém com esse nome quando ligam em casa perguntando por Luesse. Minhas amigas levam na brincadeira, mas eu sei que a coisa é séria. Minha mãe não sabe mesmo quem é Luesse.

Hoje o dia é puxado. Quatro aulas de manhã e mais duas de tarde, almoço a jato na cantina antes da reunião no grêmio. O pai do Edu está apressado, mal estaciona. Quase não dá tempo de fechar a porta, e o carro já está em movimento. Percebo uma sombra por trás das lentes dos óculos do Edu. Não falo nada, mas fico do lado dele, bem perto. Cruzamos o portão e seguimos juntos para a classe, em silêncio.


(Silvana Tavano)

Um comentário:

Anônimo disse...

Tô gostando, tô gostandom continua!
beijo, Cris