16 de nov. de 2011

A casa triste

Depois de tanto banho de sol e de chuva, a placa "vende-se" amarelou. A outra, que dizia "aluga-se", sumiu no emaranhado de folhas do jardim que envelheceu rabugento e solitário, sem visita de passarinho. Lá no fundo, o tempo enferrujou no portãozinho que alguém esqueceu de fechar, deixando pra trás a casa que, um dia, foi branca. Pelo vidro das janelas, procuro mistérios e fantasmas, mas só vejo a tristeza que ficou morando lá.

3 comentários:

Leda Lucas disse...

Este não foi só um jeito de expressar seus sentimentos sobre uma lembrança afetiva?
Os pássaros não estiveram, mesmo, lá? Talvez não estejam agora enquanto escreve. Mas e antes? Naquele final de tarde com sol enquanto você errava por outras paragens...
Um tatu-bola (sou apegada ao hífen! O que é que eu vou fazer?!) não passeou por entre as miúdas plantinhas?
Um calango não buscou o Sol?
...
Novamente outra palavra. Esta não vou contar!

silvana tavano disse...

Leda, essa casa existe, fica perto do meu prédio, e está abandonada há anos. Nem é a primeira vez que escrevo sobre ela. Acho que não foi vendida até hoje por conta de algum problema de inventário ou coisa do gênero, porque o terreno é enorme e bem localizado. Enfim. É possível que tenha passarinho e calango em dia de sol, mas toda vez que passo em frente, é isso que vejo: desolação e tristeza.

Viviana Ruiz disse...

Nossa, que coisa mais triste. :/
fiquei recordando da minha casa e dos sorrisos e lágrimas que deixei lá. Doeu apertado aqui no peito, reviver a cena de deixa-la pra trás.
texto pequeno, mas com tanto sentimento, recusou-se a alongar-se, perdeu-se no desprendimento, de dizer em poucas linhas, do que estamos sedentos.
bjOus