"Quando eu era pequena e queria muito que uma coisa acontecesse – ou não acontecesse -- eu fazia umas 'promessas'. Quer dizer, era mais como uma espécie de combinado mágico. Por exemplo: às vezes eu percebia que meu pai ia ficar triste. Isso acontecia toda vez que ele começava a ouvir umas músicas que ele só ouvia quando estava daquele jeito, querendo ficar triste. Na mesma hora eu inventava um combinado. Podia ser qualquer bobagem como ficar somando os números das placas dos carros que passavam na minha rua até dar 18, dia do meu aniversário, ou ficar quieta durante 18 minutos, sem falar uma única palavra. Coisas desse tipo. Parecia mágica, sempre dava certo: assim que o 18 aparecia, o telefone tocava, meu pai atendia e começava a conversar. Acabava esquecendo da música e da tristeza".
Trecho de "As Namoradas do Meu Pai".
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