31 de jan. de 2010

O pato que não sabia nadar

Ele sempre ia primeiro. Arremessado com energia, e cada vez numa direção, o pato afundava de leve antes de ressurgir, boiando, em posições nem sempre adequadas para um pato. Assim que ele aparecia, o garotinho se atirava para salvar o companheiro, anunciando: “Mãe, olha! Vou mergulhar!”. Não era exatamente um mergulho, só um salto no espacinho entre a borda da piscina e a água, o que não diminuía em nada o seu ato de coragem. “Mãe, olha! Agora vou nadar!”, e lá ia ele, salvar o pato, pedalando uma bicicleta invisível guiada por dois bracinhos azuis. Então colocava o pato na garupa e seguia “nadando” até a escadinha. Nesse trajeto, às vezes o pato se desequilibrava, teimando em se afogar de novo, o que complicava por instantes toda a operação. Recuperado, o pato ouvia um rápido sermão antes de ser recolocado no cangote do seu salva-vidas. Já em terra firme, o menino comemorava: “Mãe, olha! Salvei o Inácio!”, quase ao mesmo tempo em que corria de volta para o ponto de partida, ansioso pra atirar o pato pelos ares mais uma vez.
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A mesma brincadeira de entra-e-sai da piscina, o mesmo "mãe, olha", tudo igual a todos, não fosse esse nome sensacional, Inácio.

(ST)

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