Ele é azul. Ou melhor, muitos azuis. De vários tons brilhantes de escamas que vão clareando até sumir numa cauda fininha, quase transparente. Está dentro de um aquário grande com pedras, plantas ornamentais e outros peixes de cores e temperamentos diferentes -- é o único que não para quieto. Sobe veloz pra mergulhar na diagonal em direção ao fundo, no outro canto, e logo parte pra outra extremidade. Às vezes, nessas descidas, fica um tempinho olhando pela parede de vidro, entretido com o movimento colorido do imenso oceano que circunda o aquário. Mas logo sobe outra vez e mais uma vez desce, desenhando uma linha azul, como se fosse o contorno de um quadro líquido. Nesse vai e vem acorda um peixe que está se fingindo de pedra, cutuca uma turma que boia em grupo, meio sonada, implica com um douradinho, minúsculo, que se atrapalhou no meio das algas. Mas ninguém dá bola. Então o azul continua, sozinho, pra cima e pra baixo. É o único que não para quieto e se arrisca até o ponto mais alto, só pra mordiscar a água com gosto de céu.
(ST)
2 comentários:
Refrescante!
beijo
may
Nossa, nem posso expressar tamanha a minha vontade de continuar a ler mais e mais nas entrelinhas de suas palavras escritas como O despetalar de uma rosa, uma a uma, senssacional...Minha gratidão nesse exato momento pela Patricia, "sua técnica", por apresentar-me tamanha surrealidade que a vida é e sempre será, mesmo que mudemos algumas palavras de sentidos ou algumas frases de posições, pelo menos nos dá a impressão de não ser tão corriqueiro várias sitações e sentimentos apresentados em suas hitórias. De modo que muito me agradou, agradeço-te também por escrever tão bem, pois é um dom, e desde já me torno uma seguidora sem pestanejar nessa escolha.
Um forte abraço.
Angela Portelo
ps: não sou escritora nem nada simplesmente li e ADOREI.
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