No post de ontem, uma das idéias do escritor Hernán Garrido-Lecca -- a de que os leitores adultos são mais tolerantes e influenciados pela fama do autor e da crítica -- me fez lembrar de outro escritor, o argentino Rodrigo Fresán, autor do interessantíssimo "Jardins de Kensington". Nesse romance que trata (também) das relações entre a infância e a literatura, Fresán faz algumas reflexões que vão na mesma direção:
"A literatura infantil não procura a posteridade do autor, mas encontra a imortalidade do personagem. Para as crianças, pouco importa a assinatura na capa. Mas esses leitores certamente lembram do título do livro e do nome do herói... [Livros infantis] são destinados a um leitor mais primitivo e, possivelmente, mais apaixonado. Um leitor que não liga a mínima para a vida do escritor nem para as particularidades do estilo. Um leitor puro, mas não necessariamente inocente".
...
Escrever para esses leitores é mesmo um grande desafio. Quem se aventura, tem que encarar o risco de ouvir um "não gostei do seu livro", dito a qualquer hora, com todas as letras e a mais pura sinceridade.
Por outro lado, acho que não existe um elogio melhor.
(Silvana Tavano)
Nenhum comentário:
Postar um comentário