Há alguns dias, soube que pelo menos uma das quatro bibliotecas públicas condenadas pelo prefeito Kassab tinha chances de escapar do fechamento. A informação veio do professor Edmir Perrotti, da USP, que liderou o abaixo-assinado publicado neste e em muitos outros endereços da blogsfera, como o do meu colega Ricardo Soares. A notícia ferveu, gerando polêmica e reações fortes, nem sempre de indignação. Pois é, há quem ache que, já que não há público, o melhor a fazer é fechar -- melhor do que checar os motivos dessa falta de público (não seria o abandono a que tais espaços estão relegados?) e, num segundo momento, investir. Sim, reformar, promover, agitar, inventar e atrair... público.
De qualquer jeito, a polêmica sempre é positiva: nesse caso, acabou criando um eco que as autoridades não puderam deixar de ouvir. E, ao que parece, nenhuma das quatro bibliotecas será fechada. Esse foi o tema do escritor Ignácio de Loyola Brandão no Caderno 2 de hoje: "Semana passada, por 24 horas, o prefeito Gilberto Kassab perdeu meu voto e meu provável apoio... O assunto do fechamento de bibliotecas foi o tema da reunião da Academia Paulista de Letras, com indignação geral e a aprovação de uma carta de protesto ao prefeito. Logo depois, soubemos. Kassab, que vem de uma família de boa linhagem intelectual, afinal seu pai foi diretor de uma das melhores escolas desta cidade, o Liceu Pasteur, revogou o decreto. Descancelou. Parece que as bibliotecas continuarão. Um homem que volta atrás tem dignidade, mostra integridade. Gostaríamos que ele não só não fechasse nada, como abrisse mais bibliotecas. Que destine verbas e contrate pessoal. Que monte um projeto de modernização que avance no setor. Vejo pela cidade empresas responsáveis pela conservação de praças. Por que não conseguir empresas que se responsabilizem pela conservação de bibliotecas?".
(ST)
7 de mar. de 2008
Boa notícia
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2 comentários:
tantos dias sem computador, finalmente ele voltou: primeira visita, Diários da Bicicleta, claro.
E que boa notícia! Valeu a pena botar a boca no trombone, não valeu? Que tal aproveitar o embalo e agora brigar pela revitalização das bibliotecas? Afinal,o lamentável estado em que se encontram causou a tal baixa frequência, motivo alegado por "eles" para seu fechamento. Que ótimo o Inácio de Loyola Brandão ter usado seu espaço no jornal para tratar do assunto, já que os próprios jornais não deram muita bola pra ele. Que cada um que se interesse use o espaço e as oportunidades que tiver, e vamos em frente.
beijo
May
Oi Sil,
Que boa notícia mesmo.
Mas, sabe, essa história de bibliotecas é muito doida. Eu, quando tinha entre 11 e 14 anos, frequentei demais uma biblioteca que tinha do lado da minha escola, lá na Vila Formosa, na Zona Leste. Não podia comprar livros então o jeito era mesmo pesquisar na biblioteca. E adorei todo o ambiente desde a primeira vez que frequentei. Só que, pena, não lembro o nome da biblioteca. Era um espaço que tinha cheiro de livro velho, todo mundo quieto, muitas prateleiras lotadas de livros. Mas, pensando friamente, não era um espaço atraente, não tinha nenhuma atividade nem contação de histórias nem mediação de leitura. Tudo bem, era num tempo em que essas atividades não eram tão disseminadas como hoje. Quando fui para o colegial, mudei de bairro, parei de frequentar essa biblioteca e fui para o Centro Cultural São Paulo, o máximo do máximo. A "biblioteca" número um da minha adolescência. Fui para a faculdade, em outra cidade, mas continuei a frequentar a biblioteca, só que agora era a da faculdade. Saí da faculdade e nunca mais pisei em uma. Descobri há uma semana que moro do lado da biblioteca infantil Clarice Lispector. Ao passar em frente a ela, lembrei do Kassab, da minha infância, adolescência e juventude. Fiquei morrendo de vontade de levar os meus meninos até a biblioteca para conhecê-la e entender que livro ali, além de pegar de graça e ter se devolver no prazo, ensina a conhecer o mundo. Fico apenas em dúvida se, principalmente, o Samuel (pois o Miguel ainda é muito pequeno) vai ter essa relação amorosa com a biblioteca da esquina tendo tantos livros em casa e disponíveis no computador.
É mesmo de se pensar não apenas em reformas mas em maneiras de manter esse espaço atraente em época de milhões de mídias atraentes.
beijos,
Patricia
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