A fila serpenteia pela parede rumo ao alvo, um microfarelo de bolo, esquecido sobre a toalha. Desta vez, decido não interromper a missão e fico observando o ataque maciço, a velocidade e a organização com que o exército se dirige ao objetivo.
Devem ter um faro incrível, a distância entre a janela por onde entram e a mesa é grande. O trajeto é cheio de obstáculos, mas complico um pouco mais, colocando um pano no meio do caminho. Fico impressionada com a agilidade: sem perder o ritmo, a comandante da fila desvia por uma rota alternativa. A maioria entende a tática e segue atrás, obstinada. Só duas ou três, abobalhadas ou inexperientes, não sei, ficam pra trás. Giram em círculos, aflitas, perdidas. Chego bem perto pra ver melhor: são tão pequeninas, uns riscos fininhos, carregados de eletricidade. Assim, sozinhas, parecem tão frágeis que, por um instante, vacilo. Lembro de uma amiga contando que tinha uma formiga de estimação quando era pequena, mas logo me dou conta de que aqueles tracinhos talvez nem sejam formigas, ou são formigas mutantes, sei lá, são esquisitas e nojentas. Acabo com elas sem piedade e volto a mirar o pelotão que, agora, já está quase fincando a bandeira sobre o montinho de bolo. Enquanto preparo minha munição, observo a euforia de algumas, já desfrutando do gosto da vitória. E então arremesso meu avião de papel e venço a batalha. Será que um dia elas desistem de invadir a terra dos gigantes?
(ST)
3 comentários:
lindo!!! Amo formigas!
oi, Érika!
Não tenho nada contra elas, desde que não queiram morar na minha casa, rss.
um beijo
Fico imaginando alguém, um ET qualquer lá em cima no espaço sideral nos observando e, pela manhã, quando tantos andam atrás dos outros ao saírem das estações de metrô, um deles resolve arremessar o aviãozinho de papel sobre as formigas humanas.
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