Daqui pra frente, sempre que alguém me perguntar se existe preconceito contra literatura infantil ou se esse seria um gênero menor (pois é, as pessoas ainda fazem essas perguntas...), minha resposta vai com nome e sobrenome -- o do escritor moçambicano Mia Couto, que definiu a questão com maestria e poesia:
"Não sei se alguém pode fazer livros 'para crianças'. Na verdade, ninguém se apresenta como fazedor de livros 'para adultos'. O que me encanta no ato da escrita é surpreender tanto a escrita como a língua em estado de infância. E lidar com o idioma como se ele estivesse ainda em fase de construção, do mesmo modo que uma criança converte o mundo inteiro num brinquedo.
...
À força de contar histórias para meus filhos adormecerem, inventei uma convicção para mim mesmo e acredito que invento histórias para que a Terra inteira adormeça e sonhe. O escritor traria, assim, o planeta no colo".
O texto abre o livro "O Gato e o Escuro", lindamente ilustrado por Marilda Castanha e editado pela Companhia das Letrinhas para crianças (ou adultos?) de todas as idades.
* E pra quem ainda lembra: aguardem o emocionante final da mininovela "À Procura do Bruxo Encantado" nos próximos postículos.
(Silvana Tavano)
Um comentário:
posso aproveitar e te escrever pedindo um conselho sobre o assunto? :)
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