26 de out. de 2012

Ritual

Ela entra sem fazer barulho, checa os cantos de sempre, às vezes para e investiga uma sacola ou qualquer novidade que esqueci no chão. Daí vem pra debaixo da mesa, deslizando pelo tapete, e faz questão de esbarrar na minha perna antes de saltar, certeira, pra aterrissar exatamente ao lado do computador. Não dou bola, continuo escrevendo, então ela dá uma circulada entre os papéis, arranha a capa eco-craquelenta do caderno de rascunho, depois se ajeita sobre o roteador quentinho e adormece em segundos, enquanto sigo com meu tec-tec-tec, uma mesma cantiga pra ninar a gata e acordar as palavras.

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