3 de out. de 2012
Mistérios da criação
Já me surpreendi com ideias aparecendo nas situações e nos lugares mais inesperados: às vezes, é só a lembrança embaçada de um sonho, uma conversa que escuto sem querer dentro do elevador ou enquanto faço ginástica, lendo alguma coisa que não tem nada a ver, por conta do som de uma palavra. Não tem regra nem hora, e também não adianta tentar inverter o processo -- é como diz a música: enquanto eu andar distraída, o acaso vai me proteger. Mas confesso que ainda estou pasma com o que aconteceu outro dia, no primeiro encontro com a Eliane, uma nova aluna da minha oficina de escrita. Perguntei se ela tinha algum projeto pra tentar adaptar as aulas aos seus objetivos, e então ela falou sobre uma ideia que achei ótima. Fiquei tão encantada com o assunto que até conversei sobre isso com meu marido, lamentando nunca ter pensando em escrever aquela história. Na aula seguinte, para meu total e absoluto espanto, Eliane estranhou quando retomei o tema, fez uma cara esquisita e foi logo dizendo que não era bem isso, aliás, "isso" não era praticamente nada do que ela tinha imaginado. Como assim? Não sei quantas vezes pedi para ela repetir que não, a história que eu descrevia em detalhes não era a dela, e mesmo assim, continuei duvidando de tudo. Antes de começar a escrever, precisei perguntar mais uma vez pra me convencer da minha própria autoria e comemorei a sorte de poder checar tintim por tintim com a "fonte" -- afinal, como saber quando (e se) uma ideia está apenas se aproveitando de outra pra se revelar? A resposta é: mistério.
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