Toda vez que passo em frente ao prédio onde morei quando era pequena tenho o impulso de parar e perguntar se tem algum apartamento pra vender ou alugar. Não estou procurando imóvel, isso seria só uma desculpa pra visitar o lugar onde vivi dos 6 aos 13 anos. Dias atrás, uma placa pregada no portão do prédio me fez encostar na primeira vaga que surgiu. Estacionei, mas não saí do carro. Não sei quanto tempo fiquei ali, olhando pra portaria onde eu e a “melhor amiga” do 6º andar montávamos uma banquinha improvisada com pilhas de gibis velhos. A gente passava a tarde oferecendo as revistinhas pela metade do preço pra quem passasse pela calçada. Adélia era uma ótima vendedora! Por onde andará essa minha primeira sócia?
Depois olhei para o terceiro andar e entrei pela janela no quarto da minha mãe, adivinhando a grande penteadeira com espelho na parede à esquerda, a cama de madeira bem em frente, a porta do banheiro no meio da outra parede, “disfarçada” entre as portas dos armários embutidos... Fui até a sala, sentei no sofá verde de pés palito, abri a tampa do piano preto e parei na frente de um quadro que sempre achei triste -- uma praia escura e deserta, presa numa moldura dourada horrorosa. De repente, pensei: será que a sala é mesmo tão grande quanto a da minha memória? E então perdi a coragem de ir em frente. Porque o mundo inteiro cabia dentro daquele apartamento, e também no quintal da minha avó e no pátio da escola, lugares que vão continuar sendo do tamanho do meu mundo de menina.
(ST)
5 comentários:
Que lindo. Me faltam palavras para ir além do "lindo" =*
faltam também pra mim, e digo o mesmo do post anterior...
um beijo
may
Hey, garotas, ganhei o dia!
beijos
Olá adorei sua história de vida,inclusive a do prédio de sua amiga de infância....
Amei o gatinho é seu? continue postando que adorei ler suas coisas. Ah entra no meu blog depois pra ajuda-lo a crescer? Mega beijo!!!
Linod e emocionante.
Com certeza muita gente tem esta mesma vontade de entrar em lugares Passadas. Mas melhor deixar elas no passado.
O presente iria estragar a linda memoria que temos.
Como dizem O passado em contra mão,
beijos René
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