A palavra cisne não seria muito mais cysne desse jeito? "Visualmente, essa grafia representa melhor os elegantes traços da ave". Quem diz é o escritor português José Luis Peixoto, no Caderno 2 de hoje. Li só um livro dele, o "Nenhum Olhar", e gostei muito. Também gosto desse modo de pensar as palavras e lembrei de um diálogo entre pai e filha que escrevi em "As Namoradas do Meu Pai":
Quando eu era menor, a gente passava um tempão inventando e desinventando palavras.
-- Eu acho que não tem coisa mais lua do que a lua. É uma palavrinha redonda, branca, quem batizou a lua de lua teve uma inspiração. E aposto que foi numa noite de lua cheia!
-- Sol também, né, pai? Tem um redondo na palavra!
Às vezes, ele vinha com um desafio:
-- Diga um nome que não tem nada a ver com a coisa nomeada!
-- Hum.Já sei: chuva! Acho que chuva devia ser o nome do vento por causa do U, que combina com o som do vento-uuuuuuuuu-ventando. Fica estranho chamar o vento de chuvo?
-- Até que não. Mas também podia ser vuonto. Acho que combina mais. Dá até pra enxergar o vuonto fazendo as coisas girarem por onde passa. E ventania passaria a ser vuontania. O que você acha?
-- E como devia ser o nome da chuva?
-- Bom, tinha que ser uma palavra assim mais molhada. Como... Pingada! Que tal? Se o pingo é um plim molhado, pingada é o nome ideal para um monte de pingos!
3 comentários:
Engraçado, vira e mexe me pego pensando no nome das coisas. Uma palavra que sempre me confunde é pé. Acho que pé não tem cara de pé...
Michele, você tem razão. Pé é uma palavra muito curtinha pra algo que geralmente é grande. Pena que "solado" lembra sapato, e também não combina muito com o pé em si.
Taí, essa é difícil mesmo. Vai ver é por isso que ficou sendo pé.
... Pedal, talvez?
Hummm... pedal não lembra bicicleta? Pensei em "pisada".
Mas que coisa difícil mesmo!
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