29 de nov. de 2007

Adeus livros?

Sabe que a frase que você grifou no último capítulo de um livro inesquecível? E aquelas anotações que fez, inspiradas pelo trecho que estava lendo? Ou aquela dedicatória que você quer reler de vez em quando? Pois é. Talvez não seja possível fazer nenhuma dessas coisas num futuro bem próximo. Há alguns dias, a livraria virtual Amazon anunciou o lançamento do Kindle, uma espécie de iPod para livros, só que ainda mais "prático", porque dispensa até o próprio computador: a tal caixinha mágica já vem com a rede (!) e a pessoa baixa o livro que quer ler, em qualquer lugar. Mas, será que o prazer de ler um livro tem alguma a ver com "praticidade"? Minha colega de letras, a jornalista Jeanne Callegari já é fã da novidade. Confira a opinião dela:
"Imagine poder levar toda a coleção do Monteiro Lobato para a praia, nas férias. Toda a coleção de culinária para um final de semana gastronômico na serra. E ter, em menos de um minuto, todos aqueles livros que a gente compra na Amazon e levam semanas para chegar pelo correio. Em algum tempo, tudo isso vai ser possível. E o que permite isso é o Kindle, um e-reader, ou seja, um aparelho para ler livros de forma digital. Algumas de suas características já existiam em outros produtos, como a possibilidade de aumentar o tamanho das letras e a tela, feita com uma tecnologia especial em que as letras não refletem. O grande diferencial do Kindle é a conexão com a internet o tempo todo. O autor pode corrigir erratas ou aumentar a história sempre que quiser, desde que os leitores autorizem. Dá pra abrir a Wikipedia ou consultar o dicionário, que já vem embutido. E assinar, bem baratinho, revistas e jornais, que são atualizados na mesma hora em que ficam prontos para ir para a gráfica, sem que você precise apertar nenhum botão. Tudo isso tem um preço: por enquanto, 400 dólares, o mesmo valor do iPod no ínicio e que, da mesma forma, deve baixar. De qualquer forma, feitas as contas, vale a pena para uma pessoa que lê bastante. Talvez não substitua todos os livros, mas muitos deles, como os de trabalho, por exemplo, que são lidos uma só vez e depois postos de lado. Bem mais barato que um livro normal, e sem matar tantas árvores para fabricar papel. As possibilidades que essa tecnologia abre são imensas. Os autores poderão escrever histórias-sem-fim, ou em capítulos, como os antigos folhetins. Livros poderão ser escritos coletivamente, em público, e irem aparecendo na tela das pessoas à medida que forem escritos. Com tudo isso, as pessoas podem somar o gosto pela tecnologia com o preço barato dos livros e começar a ler mais. Com a evolução da tecnologia, podem surgir aparelhos especiais para literatura infantil, com telas maiores e coloridas, com material seguro de a criança brincar e deixar cair. E é isso tudo, todas essas possibilidades de novas formas de se contar histórias, que me fascina no aparelhinho. Nós amamos o papel por extensão: por meio dele, travamos contato com as histórias e mundos diferentes que os autores criam. Papel sem tinta, sem letrinha, é nada. Por isso o Kindle, que traz o conteúdo em outro suporte, também poderá ser amado, porque nos fará lembrar das belas histórias que lemos neles."
E você, o que acha de tudo isso?
(ST)

7 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, a TV mataria o cinema, que daria cabo do teatro... Fico aguardando, ansiosa, a nova tec que dará fim ao velho Kindle!Enquanto não chega, fico com os livros de papel e tinta.Pulo essa etapa que logo será dispensada por todos.Por falar papel e tinta, ouvi dizer que ilustradores que não os trocassem pelo computador...
beijo
May

Jeanne disse...

may, acho que uma tecnologia nunca substitui totalmente a outra, mas elas se somam. abrem-se mais possibilidades sem perder as velhas. até porque os livros não são a tecnologia de leitura por excelência: eles existem só há uns 300 anos! bem depois de gutemberg. antes disso, era papiro, folha solta, manuscritos... e os monges copistas diziam: bobagem, quem vai querer um livro igual ao outro quando pode ter um bonito, com letras únicas e desenhadas?
sobre as ilustrações, o kindle ainda não é bom nisso. ele não é bom para ler gráficos ou quadrinhos, por exemplo. e a tela dele é em preto em branco. mas eu acredito que isso é um impasse tecnológico que logo será superado... e e-readers especiais para livros infantis ou livros ilustrados devem surgir, como várias possibilidades, como interagir com o desenho. não é divertido?
abraço,

Anônimo disse...

Jeanne, acho que estamos falando a mesma coisa...Verdade que sou meio lerda para assimilar novidades, mas acabo me adaptando, mais cedo ou mais tarde.Juro, ADOREI aposentar minha espátula de abrir páginas, hoje em dia os livros estão super bem cortadinhos.Ah, já uso também filtro de café de papel!Só não consigo trocar lápis, tinta, papel Arches, por mouse e tela(mesmo gostando muito do trabalho de diversos ilustradores que só usam essas coisas).Trabalhar sem pincel,papel e lambança, pra mim não tem graça!
beijo
May

Anônimo disse...

é, eu tenho problemas com a tecnologia. o maior deles nem é como saber usar (que até é um problema, mas dou um jeito), mas a sensação de que estou deixando sempre alguma coisa para trás. É tudo tão rápido... agora livro eletrônico parece estranho. O que vou fazer com a biblioteca (de livros) que meu pai me deixou. Está vendo. Tô ficando para trás. FC

Luiz Zonzini disse...

enquanto histórias continuarem existindo não há o menor problema.

Biti Averbach disse...

boa a observação do luiz!
eu acho que ter mais uma opção de formato/suporte para a leitura é ótimo. a praticidade do virtual é tentadora, mas o livro impresso tem um apelo e um charme que serão sempre cativantes.
viva a diversidade!

Biti Averbach disse...

e o bom conteúdo!