11 de jan. de 2015
verão
O frescor da manhã dura pouco. O dia acorda quente e agitado, sem tempo pra descansar na sombra ou pra se refrescar de brisa: não há nuances sob o sol de verão, e talvez por isso seja tão difícil escrever. É como se a vida acontecesse apenas lá fora, elétrica e radiante, alegria de cigarras, insetos e pessoas em atividade frenética chamando pra festa: vem! No calor das horas, tudo se expõe sem pudor, ruas, árvores, corpos e humores adquirem contornos exatos ao meio-dia. Mas as palavras se dissolvem, enfraquecidas, preguiçosas, dispersivas, à espera de nuvens que tragam alguma calma e, com sorte, concentração e sua promessa de histórias e tempestade.
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4 comentários:
A vida é tão mais literária que a literatura que é difícil transmutar uma em outra. Uma poesia muito boa nunca é maior que um ônibus lotado e isso é uma realidade que só a palavra "harsh" enquadra mais ou menos bem.
Lucas, não encontrei essa palavra no dicionário -- você poderia me dizer o que significa?
é um duro multissemiótico, árduo no som na escrita e na semântica, uma palavra que deixa o texto quase preso na tecla deletar, quase o som de um lápis riscando o papel meio sem o desejo real do escrevente estar fazendo-o.
a vida é tão mais surpreendente que os textos, seres humanos são tão mais intrigantes que o texto parece, para mim "harsh", árduo de ser feito de ser moldado.
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