“Quando eu tinha uns sete ou oito anos, achava que seria adolescente no dia em que tivesse barba, como o primo do meu amigo. Ele era mais velho, mas estava sempre por perto, até jogava videogame com a gente. Era ele quem ‘cuidava’ desse meu amigo quando a mãe não estava em casa. Lembrei dele no dia em que olhei no espelho e me achei esquisito. Custei até descobrir que o problema era o queixo. De repente, parecia que só aquela parte do meu rosto tinha crescido, o resto continuava igual -- as bochechas, os olhos, tudo estava no mesmo lugar, menos o queixo, de repente pontudo e desproporcional. Eu tinha acabado de fazer 13 anos e senti medo de ficar feio daquele jeito pra sempre, mas sosseguei pensando que, um dia, eu ia virar um universitário de óculos e ia ter barba, como a do primo do meu amigo. Não dava pra ter a menor ideia de como era o queixo dele, e seria assim comigo também. A barba ia me salvar".
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Passei a tarde selecionando trechos do livro "O Nosso Rito a Gente Inventa" para um evento que ainda nem está confirmado. De todo modo, foi gostoso reler os depoimentos e encontrar passagens como essa aí em cima. Fiquei com vontade de começar uma história a partir daí -- nada como a realidade pra inspirar a ficção.
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