(...)
26 de ago. de 2014
de uma história que está começando (2)
Tenho doze anos e sempre dou um jeito de ficar doente ou
inventar uma desculpa pra não participar das aulas de educação física. Mas hoje
o professor não me dispensou e depois do aquecimento me convoca pra fazer parte
de um dos times de vôlei. Não tenho chance de dizer que não sei jogar, minha boca
trava, a voz desaparece pra sempre. Então ele me chama, do centro da quadra,
apontando a posição que devo ocupar, e chama de novo porque não me mexo, na
inútil esperança de que alguém se ofereça e me salve do desastre. Enquanto
caminho em direção à quadra percebo um grupinho de meninas cochichando e rindo,
na mesma hora tenho certeza de que estão falando de mim, por isso abaixo a
cabeça e sigo, devagar, suando dentro do uniforme, desconfortável, desajustada,
sempre eu. O jogo começa, a bola passa voando por cima da minha cabeça, uma
vez, duas, e de novo, o time vai trocando passes como se eu não existisse, e de
repente algo acontece, uma coisa por dentro, forte, uma espécie de raiva que me
lança pro alto, é só um impulso mas me deixo levar e subo: meu corpo ultrapassa
o limite da rede, o braço esticado e minha mão lá em cima, alcançando a bola
antes das outras mãos com um toque certeiro, delicado, inesperado: marco um
ponto para o time, todos comemoram. Pela primeira vez, aplausos.
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Um comentário:
Linda!! Conheço um menininho que fica com dores a cada anúncio de corridas na aula de EF,rs Adorei! bjs, chica
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