E foi assim que a jovem cigarra encarou o batente, cigarreando com energia e vibração do raiar do dia ao pôr do sol. Lá pelas tantas, exausta e sem o menor pique para emitir seus famosos agudos -- mas com o freezer bem abastecido para enfrentar o inverno! --, resolveu se dar uma noite de folga. Só então percebeu que ainda não tinha cruzado com a formiga.
Que estranho, será que aconteceu um imprevisto? Duvido! Ela e aquela turma de operárias são tão prevenidas! Ou… Será que estou perdendo alguma coisa?
Estava.
Descobriu tudo assim que saiu perguntando pela floresta.
-- A formiga agora passa a noite na balada! -- contou o grilo, louco para cutucar a cigarra.
-- Como assim?!? Aquela… aquela…certinha? Na balada?
-- Acontece que ela inventou a coreografia do passa-passa-folhinha!
-- Passa o quê?
-- Fo-lhi-nha! Todo mundo leva um estoque e se diverte dançando no ritmo das formigas. Elas montaram uma banda e ficam só na supervisão, estocando as folhas. Parece que todos os formigueiros da região já estão abarrotados!
A cigarra ouviu tudo aquilo mudinha. Na verdade, tinha ficado atônita, sem conseguir soltar nem um zzzzzzi desafinado. Mesmo assim, voltou para casa tentando se consolar: afinal, não morreria de fome no inverno, como a sua pobre irmã.
Pois é, tinha muita comida, só não tinha mais vontade de cantar.
Moral da história: mesmo quando a cigarra canta, a formiga dá baile!
* Esse reconto da fábula da mesma formiga com outra cigarra está publicado na revista Crescer de janeiro.
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