
Sempre é gostoso encontrar com os pequenos, mas ontem, na
18ª Feira Cultural da Creche da USP, foi bem especial. Todo mundo tinha opinião sobre a história do mar começar ou terminar na areia, uma das perguntas do livro "Como Começa". E todos queriam saber onde fica, afinal, o meu "Longe". O livro virou tema de um trabalho muito bacana conduzido pelos professores: as crianças lembraram de alguém querido que está longe, de algum jeito. Depois, escolheram um fio da cor que, para elas, simbolizava a falta que essa pessoa faz, e ainda determinaram o comprimento desse fio, como se fosse uma espécie de fita métrica da saudade. Tudo isso foi parar num cartaz em que as próprias crianças se desenharam, com seus respectivos fios saindo delas até o "longe" de cada um -- o da distância, o da ausência e o da perda.
"Minha avó morreu e ela está no céu, que é muito longe. Sinto falta do abraço dela".
...
"Tenho saudades da minha amiga Alícia. Ela foi morar na Espanha, que é um pouco longe".
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"Meu pai e minha mãe brigaram. Daí, minha mãe achou melhor separar pra não ter mais brigas. Eu ligo pra ele e a gente conversa pra não ficar com muita saudade".
Os meninos me cercaram logo que cheguei. O Uyratã (esse bem sério, de pé, à direita) se apresentou dizendo que era meu fã e ainda fez questão de mostrar que sabia de cor vários trechos do "Como Começa". Fizemos muitas fotos, mas nem precisei escolher qual iria publicar: só podia ser essa, que eles acharam "da horíssima". Meu dia também mereceu esse superlativo.
(ST)