30 de mar. de 2009

Dois jeitos de voar

Dica quente

Derreter um coração de manteiga é moleza. Quem tem sabe como é: a pessoa desmancha fácil, fácil. É só assistir um filme bonito ou muito triste, receber um abraço gostoso, daqueles bem calorosos. Não tem segredo -- qualquer gesto de calor humano funciona. Mas se a pessoa é meio gelada, a coisa complica. Tem as que não amolecem nem com lareira e chocolate quente, continuam gélidas mesmo quando a gente tem um desejo ardente de se aproximar pra trocar uma ideia.
Dependendo do caso, o melhor é manter a cabeça fresca e mudar de assunto. Ou tentar uma estratégia fulminante: experimente dar um banho de água fria na tal pessoa. Mais cedo ou mais tarde, garanto que todo esse gelo acaba derretendo.

(Silvana Tavano)

28 de mar. de 2009

À luz de velas

Está mais do que na hora de lembrar do nosso planeta: hoje, às 20h30, apague as luzes de casa durante 60 minutos.

(ST)

27 de mar. de 2009

Sherazade

"Antes dos 7 anos eu fabulava. Eu ensinei a uma amiga um modo de contar histórias. Eu contava uma história e, quando ficava impossível de continuar, ela começava. Ela então continuava e, quando chegava em um ponto impossível, por exemplo, todos os personagens mortos, eu pegava. E dizia: 'Não estavam bem mortos'. E continuava. Com 7 anos eu aprendi a ler."

Clarice Lispector

26 de mar. de 2009

Bruxa Creuza na cabeça

Depois de nem sei quantas interrupções, finalmente consegui retomar uma longa história da bruxa Creuza -- uma aventura que começou no final de 2007. Será que a minha editora ainda vai se interessar? Vou saber logo mais. Estou no finalzinho da segunda história. Por conta dessa imersão, resolvi postar um trechinho de "Complexo de Cegonha".
Alguém aí já leu?

Praia não é programa de bruxo clássico. Esse tipo sempre prefere passar férias na Amazônia ou no Pantanal, lugares assim mais surpreendentes, com jacarés, cobras e aqueles barulhos e mistérios de floresta. E quem tem posses costuma ir mais longe. Na alta temporada é comum encontrar essa gente no interior da Inglaterra, da Alemanha ou da França, onde o que não falta é castelo antigo e badalado, cheio de fantasmas.
É bem verdade que essa não era a turma delas. Não mesmo. Zenaide e Creuza não frequentavam esses ambientes de bruxos e bruxas metidos a celebridade, querendo aparecer em revista. Elas tinham outros interesses, gostavam de ir ao cinema, faziam cursos de pintura, de história da arte, essas coisas. Viviam saçaricando juntas pra cima e pra baixo, íntimas mesmo. Amigas que se entendiam só pelo olhar.
Mas praia?
Praia lá é lugar de bruxa?
Ela bem que podia ter comprado uma casa nas montanhas. Não precisava ser grande nem nada. Uma cabana que fosse, encravada no meio de umas montanhas bem íngremes e assustadoras, com morcegos voando baixo, vento uivando, tudo muito mais adequado.
Ai, que vergonha!


(Silvana Tavano)

25 de mar. de 2009

24 de mar. de 2009

Tem hífen?

Um teste bacana pra quem anda apanhando da nova ortografia. Até que não fui tão mal assim. E vocês?

(ST)

23 de mar. de 2009

Dois lados

É chato perder:
1. a chave de casa
2. a paciência
3. o desconfiômetro
4. a hora
5. o gol
6. o fio da meada

É bom perder:
1. a vergonha de perguntar
2. o fôlego (de tanto dançar)
3. o medo de barata
4. a pressa
5. a pose
6. a certeza de tudo

(Silvana Tavano)

18 de mar. de 2009

As namoradas do meu pai

...
A Clô era intragável. Uma mulher irritante! Foi antipatia à primeira vista. É verdade que eu também não tinha me entusiasmado com a Dorinha, a namorada pré-Clô. Mas era completamente diferente, porque a Dorinha não era má, só era muito chata. Acontece que ela puxava o saco, mas tanto, que acabava dando na cara que era tudo falso. Acho que, na cabeça dela, esse era "o" jeito de conquistar meu pai, sei lá. Lembro que, no dia em que ela me conheceu, foi logo dizendo: "Ai, Julinho --- imagina, não tem nada a ver chamar meu pai de Julinho --definitivamente não combina!--, eu adoro crianças, como ela é fofa!". E eu ali, tendo que ouvir aquilo e me sentindo a própria minipoodle de lacinho no topete! A boboca da Dorinha despertou mesmo o meu instinto animal: cada vez que ela aparecia com presentinhos, miminhos e lembrancinhas meigas, eu sentia uma vontade quase incontrolável de morder a canelinha dela. No final, nem a vó Sonia conseguia disfarçar o enjôo da Dorinha e seus inhos, os bolinhos, os chocolatinhos, tudo muito fofinho. Claro que meu pai também não agüentou muito tempo.

Em breve, pela Girafinha.

(Silvana Tavano)

17 de mar. de 2009

Viajar (2)

Com Julio Verne, até o centro da Terra ou bem no fundo do mar, a vinte mil léguas submarinas; de bicicleta, com o ET; entrando no "Túnel do Tempo" (alguém aí lembra desse seriado?); com Aladim, no tapete; ou de trem, com Harry Potter, rumo a Hogwarts. Pra onde você iria?

16 de mar. de 2009

Viajar

Uma das mágicas que a arquitetura faz é transformar o espaço. E, às vezes, isso acontece de um jeito encantador. Diferente de todas as cidades do interior em que já estive, a pequeníssima Águas de São Pedro, tão famosa pelas suas águas sulfurosas, não tinha uma praça, e acaba de ganhar uma. O que, antes, era uma ilha como tantas outras, nada mais do que o miolo da rotatória, virou um lugar de estar, ou melhor, um lugar onde a gente tem vontade de estar, como se vê nas fotos da querida Helô Mello.
Na praça recém-inaugurada tem tudo: árvores, fontes, pedras, música, pessoas passeando de um lado pro outro. Só que, em vez de banda e coreto, tem o músico que abre sua malinha e toca saxofone andando entre as pessoas. Tem luminárias modernas que acendem a noite sem ofuscar as estrelas. Não tem estátua, mas uma obra imponente da artista plástica Elisa Bracher (no fundo, à esquerda) e, no lugar dos banquinhos solitários, grandes bancadas de madeira que, à noite, são iluminadas por baixo com uma aconchegante luzinha amarela. Um convite pra bater papo com quem está por ali.
Quando anoitece, vejo o casal dançando de rosto colado na ponta de uma das pranchas que avança pelo espelho d´água. De repente, um garoto escala as pedras empilhadas tentando chegar ao topo da fonte mais alta. O barulhão das águas se mistura com o som do saxofone e as crianças (mas não só elas) se refrescam indo e vindo pela passarela ao lado das pedras, caminhando sobre uma nuvem de vapor -- brumas que pouco a pouco envolvem a praça inteira e transportam todo mundo que está lá para outros lugares.

(Silvana Tavano)

13 de mar. de 2009

Diário gráfico


De bicicleta em bicicleta, cheguei ao Desenhos do Dia e fiquei um tempão viajando nos cadernos do ilustrador português João Catarino. Bonito, não?

12 de mar. de 2009

Coisas que flutuam

* os balões coloridos e as nuvens
* as boias de cavalinho e os coletes salva-vidas
* a cotação das moedas e o humor das pessoas
* os navios enormes e o barquinho do pescador
* o planador e a asa delta
* a assistente do mágico, quando levita
* as ideias e até a gente, em certos dias

(Silvana Tavano)

Em ótima companhia

Fiquei feliz quando o Marcelo Maluf me convidou pra participar dessa antologia de contos infanto-juvenis, e agora estou curiosa pra ler as histórias de Cláudio Fragata, Tatiana Belinky, Heloísa Prieto, Jorge Miguel Marinho, Luiz Roberto Guedes, Tereza Yamashita, Daniela Pinotti Maluf, Índigo, Maria José Silveira, João Anzanello Carrascoza, Tânia Alexandre Martinelli, Luiz Bras, Sandra Pina, Marilia Pirillo, Sônia Barros, Cláudio Brites, Valquíria Prates, Leo Cunha e do próprio Marcelo. O prefácio é da Fanny Abramovitch, ilustrações do Fábio Tremonte e capa do Rogério Pinto. O livro deve sair em meados de abril Oba!

(Silvana Tavano)

11 de mar. de 2009

De onde vem o exemplo mesmo?


Os jovens e as crianças leem mais que os adultos, diz a pesquisa "Retratos da Leitura no Brasil", feita pelo Instituto Pró-Livro. No placar geral, os leitores na faixa de 11 a 13 anos ganham de goleada com uma média de 8,5 livros contra 4,2 para adultos de 30 a 39.

(Silvana Tavano)

10 de mar. de 2009

Barbie de papel























O blog Bonecas de Papel me fez voltar no tempo: lembrei da caixa com duas meninas, um loira e uma morena, modelos de papelão que eu vestia com dezenas de roupinhas fixadas pelas abas de papel. Alguém aí brincou assim?

(Silvana Tavano)

6 de mar. de 2009

Ai, que calor!

Esse calorão faz a gente querer neve
Escrevescrevescreve

Dá vontade de sair voando de ultraleve
Escrevescrevescreve

Mas, cadê o vento -- está de greve?
Escrevescrevescreve

O sorvete e as ideias: tudo derrete e ferve
Escrevescrevescreve

(Silvana Tavano)

5 de mar. de 2009

O livro


Tenho que reconhecer: não sou moderna. Vocês têm vontade de ler assim?

(Silvana Tavano)

4 de mar. de 2009

Mia rima com poesia

Do escritor moçambicano Mia Couto:
...
"Contam meus pais que eu dormia com os bichos
[gatos] como se fosse um deles. Certa vez, proclamei que queria ser chamado de Mia. Meus pais aceitaram e talvez tenha sido o meu primeiro ato de ficção. Tinha talvez, uns três anos de idade.
...
O infantil é o gênero mais difícil, sem dúvida. Porque não sei pensar esse gênero e me custa acreditar que se escreve para crianças. A ideia de que elas pedem uma escrita simplificada é uma tentação fácil, mas profundamente arrogante. Nessa escrita, percebemos que não sabemos falar com a infância que ainda vive em nós."


Pra ler a entrevista completa, clique na Revista da Cultura.

(ST)

1 de mar. de 2009

Uma coisa puxa outra

Tudo começou porque inventei de mudar a foto da Creuza aí do lado. Como a ilustração da Graça Lima é vermelha, o amarelo e azul de antes não "ornaram" mais. Daí que muda mais issos e aquilos até que resolvi mudar tudo.
...
Ficou, sei lá, mais sóbrio. Mas eu gostei. E quando me dei conta de que não tenho como voltar ao que era (é claro que não salvei nada), enfim, daí gostei mais ainda.
Se o novo visual não fizer sucesso, mudo de novo e pronto. O que vocês acham?

(Silvana Tavano)