30 de set. de 2008

Ainda não entrei em acordo...

Esperei o domingo para poder ler com calma e concentração a prova de um novo livro. Caneta na mão, reescrevi alguns trechos que pareciam confusos, troquei palavras repetidas e fui fazendo correções -- vira e mexe topava com um acento faltando aqui, um hífen sobrando ali... Estranhei algumas coisas, mas fui anotando tudo, certa de estar contribuindo com a revisora, com um olhar fresco e atento. A ficha só caiu quando a editora, na maior gentileza, lembrou que a revisão já estava seguindo as novas regras de ortografia, de acordo com as diretrizes do MEC.
...
O número de vezes em que corrigi a palavra "idéia" ao longo desse texto dá a exata medida do quanto vai ser difícil, pra mim, aceitar que uma idéia seja boa sem acento. Ou, plagiando minha editora, não sei se consigo ficar tranqüila sem o trema.
As novidades já entram em cartaz a partir de janeiro, mas ainda tenho (temos) algum prazo pra reformar a cabeça: o uso facultativo das velhas regras está autorizado até dezembro de 2012. A partir daí, porém, só valerão as tais novas ideias.

(Silvana Tavano)

8 comentários:

Anônimo disse...

O MEC poderia arranjar coisa melhor para fazer do que viver alterando a grafia das palavras...tudo bem que a linguagem é viva e se altera... Mas fazer acordinho para unificar as línguas...que nem vai realmente unificar, já é demais... Deve ser para jogar fora milhões de gramáticas...alguém deve estar lucrando....por que os estudantes é que não são!

silvana tavano disse...

oi Giovana
É isso mesmo, sem tirar nem por. Ou, como disse (tão bem) minha amiga May Shuravel, "muito mal-feito esse benfeito".

Marina Morena Costa disse...

Sil,
Pelo menos lá no blog, serei uma escritora vintage, retrô. Olha que chique! =)
E que não venham mexer com as minhas idéias, nem minha platéia.
Bjocas!

Ps- Achei bem bacana este artigo do João Pereira Coutinho, publicado na Folha deste domingo: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2809200810.htm
- só para assinantes =(

Marina Morena Costa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marina Morena Costa disse...

Acabei de perceber que o comentário "come" o fim do link.
Agora vou dar enter.
Desculpe a confusão, sil:

http://www1.folha.uol.com.br
/fsp/ilustrad/fq2809200810.htm

Piratas disse...

Certamente vai continuar a ter ideias brilhantes no seu blog que é tão interessante... em Portugal a palavra não tem acento gráfico e também há boas ideias.
Parabéns pelo blog!
Teresa

Anônimo disse...

Pois é, Piratas, o blog da Silvana é realmente ótimo.E bem----humorado...
Com certeza ela bem sabe que idéias e ideias podem ser boas ou más,independentemente da grafia.Acredito que também em Portugal essa tal "unificação" está dando o que falar, coisa mais artificial, fútil e inútil.Não se trata de discutir quem está mais certo, muito pelo contrário.Adorei quando Saramago fez questão que seus livros publicados no Brasil
não fossem "traduzidos",tanto se perderia sem necessidade.Por coincidência, no momento estou estou me afogando na releitura do maravilhoso Eça de Queiroz,e que bom poder ler tudo no "original", que pena se alguém resolvesse mudar a construção das frases,trocasse os termos, "abrasileirasse" o texto(sei lá se não foi já feito).Não seria mais possível lermos com sotaque,que tristeza.E deve ser estranho pra burro ler Guimarães Rosa em "versão portuguesa"...Enfim, acentos, trema, hifen são besteirinhas, mas acho que valem a briga.Não entre portugueses e brasileiros,para ver quem está mais certo.É brigar pela riqueza da diferença,pois não?
abraço
May

Elena sem H disse...

É, preciso me ocupar disso! DO contrário, chego em 2010 do mesmo jeito que estou escrevendo hoje.